— Seu amante, pra ser mais específica. — Sorriu de canto, com os lábios finos. — Aconselho a correr, antes que ele te troque.
Fiquei vermelha. De vergonha, de raiva. O estômago deu um nó tão forte que tive que segurar a bolsa com mais força pra não fazer alguma besteira. Velha escrota.
Empurrei a porta da minha sala com força. Misa estava lá, sentado sobre minha mesa, jogando uma bolinha de tênis contra a parede com a maior calma do mundo. Parecia o dono do universo.
— Trinta e dois minutos e dezessete segundos. — Disse, sem me olhar. — Você se supera.
— Desconta do meu salário. — Respondi fria, jogando minha bolsa na cadeira e a sacola com o vestido no chão.
— Onde você estava?
Revirei os olhos. A voz dele vinha com aquela autoridade disfarçada de preocupação. Me irritava.
— No shopping.
— Fazendo?
— Comprando um vestido, Misa. O que mais se faz no shopping? Um rim?
— Com quem?
Ah, pronto. A terceira pergunta foi o estopim.
— Sai da minha sala — disparei, rangendo os dentes. — Por fa