— Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta como se nada de errado estivesse acontecendo com ele. — Onde estão os gêmeos? — a preocupação atravessa o tom contido.
Eu teria um mundo de perguntas, mas engulo tudo. Se não fosse por toda essa gente aqui, eu abraçaria o Misa. Estou com medo do pior, e é ridículo admitir, porém eu nunca tinha visto meus filhos doentes.
— Não — minto, desviando o olhar. — E com você?
— Comigo, nada. — Ele também mente, tomando um gole do café, o copo de papel rangendo entre os dedos.
— Você já mentiu melhor. — Consulto o relógio só para fazer alguma coisa com as mãos.
— Somos dois, então. — O canto da boca sobe, mas os olhos continuam cansados.
Ok. Não dá para mentir pra ele — e, sinceramente, pra quê? Se eu já o perdoei por tudo, não preciso fazer papel de pedra.
— Eu trouxe a Becah. Nada demais. — Tento parecer calma. — E você?
A testa dele franze. Ele corrige a si mesmo no meio da frase:
— Sua cara não diz “nada demais”. Aconteceu alguma coisa com a… — engole