Capítulo 116 - Eu sou o pai...
Ficar parado me dava coceira na alma. O relógio do quarto batia um tempo diferente, o ar saía do ar-condicionado como se quisesse me congelar por dentro, e o deserto do outro lado do vidro parecia um mar imóvel — igual eu. A imagem da Margo deixando o Plaza de braço dado com o Matt voltava em looping: o vestido claro abraçando a barriga, aqueles olhos que sempre me desmontaram brilhando quando falou dos filhos. Filhos. O plural doeu. E doeu porque eu reconheci aquele brilho. E também porque não era meu nome que estava ao lado dela.
— Misa — July entrou sem bater, sempre. — A camareira disse que tem um shopping imperdível aqui. Vamos?
— Não. — Virei pro outro lado da cama.
— Já tem quase três semanas e você não saiu comigo um dia sequer! — insistiu, voz em falsete treinada para irritar.
— Nem pretendo. — Sentei, encarei. — Sai do meu quarto antes que eu te tire.
— Você não vai me… — Dei dois passos, abri a porta e, sem cerimônia, conduzi-a pro corredor. Não precisei de força: bastou o