Capítulo 110

Saio do hospital numa noite de vento cortante. Em Nova York, o outono sempre entra como quem não pede licença: o sol vira desenho, o ar fica metálico, e os casacos passam a morar nas cadeiras de jantar. Sebastian me deu uma lista clara — mil e um cuidados — e uma palavra de ordem: calma. Em casa, meu pai e minha mãe recebem o Matt com cordialidade que surpreende até a mim. “Fica, come, descansa”, dizem, e ele fica. A mim, paira o incômodo: eu o amo; ver esse homem assumir o que não nasceu dele me parte — de gratidão e de culpa em partes iguais.

De manhã, me instalo na varanda com um livro aberto e a cabeça distante. A luz bate nos telhados vizinhos, as copas das árvores começam a rarear, e a sirene de uma ambulância corta a Lexington ao longe. Penso nos bebês chegando no frio de janeiro, nas ruas cobertas de gelo, nos cobertores pequenos. A mão pousa na barriga quase sem que eu perceba.

— Bom dia. — O Matt surge com café nas mãos e aquele sorriso que resolve, por minutos, problemas in
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