~Na voz de Clara~
Pela manhã acordei com náuseas — talvez eu tivesse abusado das medicações, talvez fosse o estresse. O fato é que meu corpo pedia trégua. Fiquei quietinha na cama, observando Lorenzo dormir. Ele parecia tão sereno, com o rosto relaxado e o peito subindo e descendo num ritmo calmo. Por um instante, quis poder congelar aquele momento e esquecer tudo o que me incomodava naquela casa.
A mãe dele não escondia o incômodo com a minha presença. Seus olhares, sempre sutis, carregavam mais do que palavras jamais poderiam dizer. Ainda assim, Lorenzo e Graziela faziam questão de preencher qualquer espaço que pudesse sobrar para rejeição. Mas eu contava as horas para voltar a Nova York. Sentia-me um peixe fora d’água naquele lugar — bonita paisagem, mas águas frias demais para mim.
Lorenzo acordou, se espreguiçando preguiçosamente.
— Bom dia, meu bem — disse, a voz ainda rouca de sono.
Levantou, tomou um banho rápido e, minutos depois, já estava me chamando para descer. Fomos até