Clara ainda dormia sobre meu peito, o corpo leve balançando suavemente na rede da varanda. O ar trazia o perfume adocicado das flores e o canto suave dos pássaros tornava a manhã ainda mais calma. Por alguns minutos, fiquei apenas observando-a dormir — havia algo de sereno em vê-la assim, entregue ao descanso depois de tantos dias turbulentos.
— Clara — murmurei, roçando os dedos em seus cabelos — o sol já está alto, precisamos subir.
Ela abriu os olhos devagar e sorriu, aquele sorriso tímido que sempre me desarmava. Ajudando-a a se levantar, seguimos juntos para o quarto. Mas era tarde — minha mãe já havia nos visto.
Meu pai havia saído cedo para resolver alguns assuntos e só voltaria no fim da tarde. A casa, por sua vez, fervilhava com os preparativos da festa surpresa dele — garçons entrando e saindo, flores chegando, a equipe de decoração cuidando dos mínimos detalhes.
— Quero falar com você, Lorenzo — a voz fria e autoritária de minha mãe cortou o ar assim que me viu atravessar o