As luzes da cidade passavam como borrões pelo vidro do carro enquanto Angeline e eu seguíamos em silêncio. O clima entre nós era denso, sufocante. Desde que saímos da festa, ela não disse uma palavra. Eu também não sabia por onde começar. Mas precisava falar. Precisava contar.
Suspirei, passando a mão pelo rosto, sentindo o peso do que estava prestes a dizer. A verdade queimava na minha garganta desde que voltei de Nova York, mas não sabia como soltá-la sem causar ainda mais dor.
Quando o carro parou em frente à nossa casa, Angeline saiu sem esperar. Segui atrás dela, observando seus passos apressados e a tensão visível em seus ombros.
Engoli em seco. Meu coração batia forte. Não era assim que eu queria que essa conversa começasse, mas não havia mais tempo para hesitação.
— Preciso te contar uma coisa. — Minha voz saiu mais baixa do que eu queria, mas firme.
Ela cruzou os braços e me encarou, esperando.
— Minha viagem para Nova York… não foi apenas sobre negócios. — Olhei nos olhos de