O despertador tocou cedo demais.

Abri os olhos com dificuldade, sentindo o corpo pesado e o cabelo completamente bagunçado. Por um instante, me perguntei se tinha realmente dormido ou se apenas piscado. O apartamento ainda estava mergulhado naquele silêncio preguiçoso da manhã, interrompido apenas pelo barulho distante da cidade acordando lá fora.

Quando me virei, encontrei Clara já desperta. Estava sentada na cama, abraçando o travesseiro, o rosto meio amuado e o olhar curioso fixo em mim.

— Bom dia, pequena — murmurei, tentando sorrir mesmo com a voz rouca. — Dormiu bem?

Ela assentiu devagar.

— Dormi. O papai já foi?

Assenti outra vez.

— Deixou um beijo pra você — respondi, indo até ela. — Agora, vamos nos arrumar, senão a Lourdes vai vir bater na porta.

Clara soltou uma risadinha tímida. Ajudá-la com o uniforme foi mais simples do que imaginei. Ela era esperta e organizada, o tipo de criança que observa mais do que fala. Enquanto eu prendia as fitas nas tranças que fiz em seu cabel