A câmera do celular já estava posicionada no tripé improvisado que Miguel montou com caixas de brinquedo e dois livros de receitas. Giulia insistiu para gravarmos aquele vídeo juntos. Disse que queria guardar uma lembrança dos dias difíceis e das coisas boas também. “Para ver quando eu for grandona, mamãe”, ela explicou com a voz doce, enquanto ajeitava uma almofada no chão da sala.
Era engraçado como ela ainda nos chamava assim, mesmo sem nunca termos corrigido. Miguel e eu sorríamos toda vez, e ela nem percebia o quanto aquilo mexia com nossos corações. Eu me sentia mãe dela há muito tempo — mesmo antes de ela me chamar assim.
Nos sentamos no chão da sala, exatamente como Giulia pediu. Eu fiquei no meio, com ela de um lado e Miguel do outro. A luz suave da manhã atravessava as cortinas finas, deixando o ambiente com aquele brilho calmo e dourado que só o sol das primeiras horas traz. Giulia vestia uma das camisolas novas com estampa de estrelas, a mesma que usou no hospital no dia d