Serena ria alto no tapete da sala, as mãozinhas tentando agarrar o brinquedo colorido que eu balançava na frente dela. A luz suave do fim de tarde entrava pela janela, pintando a sala de dourado, e por um instante me permiti esquecer tudo — o tribunal, as dores, os fantasmas. Ali, deitado no tapete com minha filha, só existia paz.
— Vamos, pequena, você consegue pegar — murmurei, rindo quando ela fez uma careta e quase caiu para o lado.
Meu coração ainda se espantava com a força que ela tinha de me transformar. Eu, que um dia pensei que seria incapaz de ser pai, agora não conseguia imaginar a vida sem aquele sorriso banguela me encarando.
O barulho da chave na porta me fez erguer a cabeça. E então, lá estava ela. Giulia.
O vestido simples, os cabelos soltos caindo sobre os ombros, e um brilho nos olhos que eu não via há muito tempo. Algo nela estava diferente. Não apenas bonita — ela sempre foi — mas inteira, firme, como se tivesse reencontrado uma parte dela que faltava.
— Oi — falei