Sharon Belmont
Havia bebida no organismo de Isabel, mas também havia uma afronta acumulada pelo cansaço de toda aquela opressão. Minha amiga ligou o rádio novamente, abriu o teto solar do veículo e pôs o corpo para fora, com os braços erguidos, sentindo o vento gélido bater no rosto e cantando a música ainda mais alto.
— Senta, Isabel! — Dante dava tapinhas de leve na perna da esposa, que descia a mão apenas para bater forte na dele. — DESCE DAÍ, ISABEL!
— Me deixa, seu chato! Ao invés de encher o meu saco, presta atenção no… — a Bel ne terminou de falar.
— DANTE!!! — gritei ao ver o caminhão invadir a pista na contramão, interrompendo a fala da Isabel.
Todo meu esforço foi em vão. Senti que Dante tentou fazer uma manobra, virando o volante totalmente para a direita e jogando o carro para o acostamento.
A trombada no veículo fez segundos parecerem eternos. Meu corpo chacoalhou como se eu estivesse solta dentro do kamikaze, aquele brinquedo horroroso de parque que não tinha nada de dive