Draiton Menegaço
Era nossa penúltima noite na Praia do Rosa. Amanhã estaríamos de volta ao Brasil e, com sorte, longe dessa encenação que já me consumia mais do que eu gostaria de admitir. Tentei escapar, inventei desculpas, mas Oléria foi irredutível: queria festa, queria imprensa, queria palco. Queria mostrar para o mundo um espetáculo.
E conseguiu.
Ao entrar no jardim da mansão, percebi que não tinha nada de intimista ali. Luzes de cristal pendiam em estruturas metálicas, faiscando como estrelas artificiais. Arranjos de flores brancas e vermelhas ocupavam cada mesa, e uma passarela iluminada conduzia até o palco montado diante do mar. O cheiro de rosas misturado à maresia criava um bom contraste, quase teatral. Pensando bem, não era quase.
A festa parecia uma premiação em Veneza. Jornalistas da Itália inteira estavam espalhados pelo espaço, câmeras em punho, ávidos por um registro que rendesse manchete. Pessoas bebiam espumante em taças longas, riam alto, desfilavam vestidos caros