Após dez anos longe de casa, Martina retorna a Sicília para enterrar o corpo do pai e assumir seu lugar como nova líder da família Angiulio, agora uma mulher adulta e capaz de tudo para alcançar seus objetivos, atravessando todos os obstáculos e trilhando um caminho perigoso ela pretende encontrar o culpado pela morte de seu pai e púni-lo de maneira exemplar custe o que custar.
Leer másMais um dia de trabalho, visto um terninho cinza, com minha blusa de seda rosa, não sou muito vaidosa, mas gosto de estar bem arrumada. Pouca maquiagem, amarro meu cabelo num rabo de cavalo alto, estou pronta. Saio do quarto a April fala alto.
- Thais, venha comigo! Vou te dar uma carona hoje.
- Você está indo para DSA?
- Não, mas tenho uma reunião perto do seu trabalho, deixo você lá!
- Só um momento, vou pegar minha bolsa.
April é minha melhor amiga desde a infância, quando nos formamos resolvemos morar juntas. Antes morava com meu pai, mas ele não me deixava fazer nada. Morar com ele, tudo era complicado, afinal, quando minha mãe foi embora, ele passou a desconfiar de tudo. Mesmo sendo uma decisão difícil, tive que optar por sair de casa. Eu precisava de liberdade para poder seguir meu caminho.
Eu amo meu pai, mas ele reclama demais e não entende que eu preciso ser independente. Eu sei que ele me ama, mas você acabou discutindo com ele todos os dias. Lembrando minha mãe antes de ir embora.A única que sofri com isso tudo fui eu, que estava sozinha com toda responsabilidade, me mantenha pai saudável e responsável. Finalmente, tirei minha lista de responsabilidades e desisti de lutar contra sua teimosia.
Tia Verônica nos ajudou muito quando ela nos deixou, ela disse que eu deveria viver minha vida, e parar de me preocupar com meu pai. Ela acabou me convencendo de que eu deveria ir viver minha vida sem a interferência dela.
Desde então me mudei para Boston, onde moro há um ano. Eu trabalho em uma companhia de seguros, desde que comecei. Meu chefe nunca mais caiu comigo, quando ele entra na mesa, todas as mulheres suspiram. Até os homens o invejam. Ele é aquele tipo de chef perfeito, bonito, inteligente e intimidador. Sonhei com ele várias vezes, tanto me agarrando quanto gritando comigo.
Porque ele grita todos os dias como o meu chefe, para a Sílvia. Quando sua voz vibra pelos corredores, todos sabem que ela é como ela. Silvia é ou saco de pancadas dá pra ele.Hoje cheguei ao escritório cedo, graças a Carona da April.
- Bom dia, falei com uma recepcionista com cara de namorado. Ela nunca responde, mas tem uma questão a preencher.
Sentei na minha mesa que fica em frente à mesa de da Silvia. Ela sempre chega mais cedo, mais folha ainda não tinha chegado.
- O que aconteceu hoje? Porque ela nunca se atrasa. "pensei".
Eduardo meu amigo do trabalho chegou, então perguntei.
- Cadê a Sílvia, Ed?
- Ela foi despedida ontem, você já tinha ido embora.
- Não acredito! - O que aconteceu?
- Ele gritou com ela, e a despediu.
Depois de humilhar ela na frente de quem estava aqui. Disse que ela era incompetente, por ter aprovado o seguro do Sr. Jorge.- Mas ele estava atendendo todos os requisitos!
- Eu sei, também não entendi. - Ele tem dessas coisas, não é? - Agente sabe que tudo tem que ser aprovado por ele antes.
- Como a Sílvia aprovou?
- Eu não sei, só escutei os berros, mandando ela embora. Agora, é você que vai assumir o cargo, minha guerreira.
- Eu?
- Sim, você.
- Ai, meu Deus! -Eu não estou preparada!
- Agora não dá tempo minha linda, porque a fera acabou de chegar. -Boa sorte!
Escutei seus passos vindo em minha direção, não tive coragem de me virar para olhar.
- Thais de La Viegas, na minha sala agora!
Entrou em sua sala, me deixando em pânico. Respirei fundo, tentando controlar o nervosismo, ele nunca falou comigo. Agora diz o meu nome dessa forma agressiva. Que homem estranho. O que eu mais temo, é que ele comece a falar comigo como falava com a Silvia, eu não vou virar capacho de ninguém. Muitas vezes vi a Silvia chorar de nervoso, temendo por seu emprego. Ela nunca falou mal dele, ou se queixou de alguma coisa. Eu teria esmagado aquele homem gostoso, se ele tivesse falado a metade das coisas que disse a ela.
Eu sou uma boa profissional, mereço respeito e tratamento digno. Aliás todos merecem ser tratados com dignidade. Não é porque tem poder e dinheiro, que precisa pisar nas pessoas.
Perdida nos meus pensamentos, Ed me balança.
- Oi Garota! - Acorda! - Vai logo!
- Droga! E agora Ed?
- Thais!
A voz do inquisitor ecoou pelas paredes. Eu nunca tinha entrado na sala dele. Entrei timidamente ele me olhou.
- Senhor?
Sem me olhar ele disse...
- Você ficará no lugar da Silvia, e não se atreva a cometer o mesmo erro que ela. - Pegue para mim todos os contratos e deixe na minha mesa.
Fiquei parada, como uma estátua, os meus olhos pareciam querer saltar para fora. Ele era louco, arrogante e extremamente lindo. E estava mesmo falando comigo.
- Thais?
- Thais!- Oi... Senhor?
- Você é lesada, ou o quê? Vai logo!
Estou esperando!- Sim...sim... Senhor.
Minhas pernas foram no automático, até a antiga mesa da Silvia. Peguei os contratos, puxei o ar e entrei novamente na sala dele, com os documentos nas mãos. Ao ver ele de tão perto, novamente fiquei travada.
Ele notou que eu estava parada, disse:
- Deixe-os em cima da mesa, e pode ir organizando os novos contratos.
Mesmo nervosa com a situação, fui colocar os contratos na mesa. Tropecei no tapete, jogando todas as pastas para o auto, caindo de testa na ponta mesa.
- Aí! Meu Deus estou tonta! Acho que está sangrando!
Percebi que ele correu e colocou um lenço na minha testa e começou a gritar.
Ed preocupado, foi o primeiro a aparecer.
- Eduardo, pega logo alguns cubos de gelo! A louca aqui, tentou se matar na minha frente!
- Louca? Jesus! Pensei irritada.
O Ed entrou com um saco de gelo. Senti escorrer, um líquido entre meus olhos.
- Senhor, acho que o gelo não vai funcionar, disse Ed preocupado.- Ligue para emergência, ou para o Ford meu motorista. Tirem logo ela daqui, está sujando todo meu tapete.
Com dificuldade levantei, ainda meio tonta e tomada pelo ódio, perguntei.
- Isso é sério? Estou sangrando, e você está, preocupado com o seu tapete? Sabia que você era um idiota, mas a sua crueldade é tanta assim?
- Thais você tá bem?
Ed perguntou preocupado. E o cretino do meu chefe me olhava desacreditado.
- Você bateu a cabeça com força mesmo. Porque ninguém fala assim comigo!
Eu corajosa e tonta continuei...
- Você deveria ter levado uns tapas quando era criança, para tirar essa arrogância e essa crueldade.
- Thais! Ed me advertiu preocupado.
Se ele quiser me despedir, que despeça Ed. Tenho até raiva de mim, por ter sonhado beijar a boca desse homem.
O sangue começou aumentar...
- Eu estou ficando tonta... falei e cair.
Acordei na ambulância. Olhei para o lado, tinha um enfermeiro.
- Pra onde estão me levando?
- Para o hospital, estamos quase chegando.
Me levaram pelo corredor para fazer alguns exames, levei alguns pontos no corte, e o médico disse.
- Felizmente sua ferida foi superficial, pode ir embora, em caso de dor, tome esses remédios. O seu acompanhante, está te aguardando lá fora.
Ed me esperava no corredor.
- E ai? Como está?
- Acho que bem... disse colocando a mão sobre a ferida.
- Sr Diogo, liberou agente pelo resto do dia.
Sério? O sem noção nos deu o dia de folga?
- Você é louca? Lembra o que disse a ele?
- Não, estava zonza só me lembro de ter ficado com raiva.
- Garota, você falou coisas a ele que foi uma loucura, mais eu adorei.
- O quê eu falei?
- Deixa pra lá, vamos? Vou te levar pra casa.
Assim que entramos sem carro, nem celular do Ed tocou.
- Olá! Sim senhor...Tá sim...
Ok. Parece que sim... Não. É bom, então. Obrigado senhor. Até amanhã. Tchau.Desligou.
- Ou o que Ed disse? Eu perguntei, morrendo de curiosidade.
- Que voz louca você é!
- O que ?
Kkkkk... ri...- Tô pulando.
.Ficar perdida entre os papéis espalhados pela mesa não era melhor do que ficar na cama olhando para as paredes pintadas em tons pastéis do quarto de hóspedes. Entre todos os males o pior eu acho, larguei as folhas sobre a mesa e me apoiei na cadeira respirando com um pouco de dificuldade por causa da dor que insistia em me incomodar a cada movimento, por maus simples que fosse. - Nádia, pode ir até o quarto e pegar o analgésico pra mim por favor, já está na hora. - Sim senhora. Contratar Nádia se mostrou uma escolha muito acertada, ela estava cuidando muito bem da administração de tudo relacionado aos assuntos legais, e até com os assuntos não tão lícitos assim, além do mais era esperta e aprendia rápido, o fato de ser bonita também ajudava a abrir as portas mais facilmente. - Aqui senhora. Me ofereceu o frasco e colocou um copo de água na mesa a minha frente. - Obrigado Nádia. - Disponha senhora. Engoli o comprimido me
É impensável como apesar de conviver com uma pessoa mesmo que diariamente, não saibamos verdades tão duras sobre elas. Aqui olhando para Lúcio, mesmo por um momento eu pude ver um pouco da intimidade que ele tentava manter enterrada, da infância dura e difícil, a juventude violenta e ao amadurecimento que o tornou o homem que é hoje.Mesmo que a história fosse mais sobre ele, também via a figura tão amada e maternal que minha mãe havia sido para ele, como havia sido pra mim também pelo pouco tempo em que pudemos ficar juntas.- Nunca imaginaria algo assim Lúcio.- Eu sei menina, sua mãe era uma mulher inigualável em muitos aspectos, e você têm muito dela sobre isso.- Não sei Lúcio, olhando para o meu reflexo no espelho talvez eu veja seus traços distintos, os mesmos olhos como você diz, mas não acho
Lúcio permanecia quieto em frente a janela, mas seu olhar que antes estava lá fora agora encarava meus olhos com divertimento e audácia que lhe era tão característica. Ponderei minhas opções, entre ir até ele ou ficar sentada na poltrona, é claro que ficar sentada confortavelmente me atraiu mais do que ter que me levantar e sentir mais dor do que já estava sentindo. - Pode vir se sentar Lúcio. - Sim senhora. Ele apagou o cigarro o jogando na lixeira ao lado da mesa e caminhou sorrateiro até a poltrona ao lado da minha. - Sobre o que quer falar menina, não tenho muitas novidades sobre Tommaso. - Eu sei, apenas fique aí. O homem era malditamente atraente, os olhos castanhos e expressivos, o rosto que parecia ter sido esculpido por algum artista da Roma antiga, a barba por fazer, o ar de selvageria e perigo que o tornava tão ameaçador quanto sexy, a camisa justa delineando o corpo masculino que fazia minhas mãos formigarem ao imag
Não demorou muito até Nádia estar de volta ao escritório uma vez que Franccesca tinha ido embora. - Bom dia senhora. - Bom dia Nádia, como estamos hoje? - Tudo sob controle. - Ótimo. Nádia vestia um vestido preto com mangas três quartos justo ao corpo, deixando suas curvas delicadas mais aparentes do que ela normalmente deixava, também não me passou despercebido o uso de maquiagem e o cabelo bem arrumado, não que antes ela estivesse bagunçada longe disso, mas apesar de ser uma mulher muito bonita, ela sempre optou por um estilo mais confortável e um pouco apagado e agora estava aqui toda dona de si sobre saltos matadores. - Você está bonita Nádia, toda essa arrumação é para alguém em especial? - Não senhora, eu só quis me arrumar um pouco mais. O rosto corado denunciou a meia verdade que escapou de seus lábios. - Não precisa me contar se não quiser Nádia, mas eu fico feliz se você está feliz, apenas me diga se e
Procurei entre as peças de roupa que estavam no cômodo, alguma coisa confortável que ficasse pelo menos apresentável, terminei por vestir um vestido azul escuro que deixava meus ombros expostos, o tecido estruturado deu um pouco de trabalho pra subir pela minha pele, mas com algum esforço e depois de alguma resistência ele se ajustou, não tinha certeza que conseguiria me manter em pé sobre sapatos altos, então apenas coloquei uma sapatilha fechada. - Senhora, a senhora Franccesca já chegou e está esperando pela senhora no seu escritório. Izabel apenas falou do outro lado da porta de maneira que apenas eu escutasse. Preferi não colocar nenhuma maquiagem e manter os cabelos soltos, me ajudando a formar uma imagem mais clara da história que eu iria contar. Dei uma última olhada no espelho e saí seguindo até o escritório, precisava que tudo saísse perfeito e impecável, e Franccesca tinha olhos bem aguçados para tudo, ela não iria engolir qualquer história boba.
Me levantei da cama, com calma e movimentos lentos, ignorando a dor incomoda, depositei a xícara sobre a mesa de apoio e firmei os pés no chão testando meu equilíbrio enquanto respirava fundo, segui meu caminho um passo de cada vez até o banheiro, me concentrando em todos os detalhes importantes da história que tomava forma na minha mente agitada, não era o ideal, mas teria que servir, sem dúvida nenhuma era melhor do que a realidade. Tomei um banho rápido, evitando lavar o cabelo, ainda não estava recuperada o suficiente pra isso, e Mateo o tinha lavado a não muito tempo, os curativos também tinham que ser trocados e me amaldiçoei por não conseguir fazer isso sozinha, voltei ao quarto de toalha, procurando meu telefone na cabeceira da cama, disquei o número de Mateo aguardando enquanto tocava. - Está tudo bem Martina? - Sim, está ocupado? - Estou, mas se precisa de mim... - Na verdade eu preciso de ajuda com os curativos e não quero incomodar
Último capítulo