Era dia claro em Chamonix, e o céu azul límpido refletia nos Alpes ainda salpicados de neve. Sophie caminhava lentamente pela rua pacata, sentindo o frio suave da manhã em sua pele. O movimento discreto da cidade contrastava com a sua inquietação.
Quando chegou diante do portão da casa misteriosa, o coração bateu mais forte. À luz do sol, a fachada parecia ainda mais inóspita. Portas fechadas, cortinas pesadas bloqueando qualquer indício de vida, o jardim malcuidado apesar do valor da propriedade. Tudo transmitia uma estranha sensação de abandono — e, ainda assim, ela tinha certeza de que havia movimento ali dentro.
O vento da montanha passava pelas frestas das janelas, provocando pequenos estalos nas madeiras e estremecendo as venezianas. A rua estava quase vazia, apenas uma bicicleta encostada na esquina e um gato atravessando preguiçosamente a calçada.
E pensar que tantas vezes acreditei ouvir a música vindo daqui… — refletiu Sophie, apertando o cachecol contra o peito. — Mas como?