Stella Willians
O ar da manhã estava fresco, mas não conseguia aliviar o peso no meu peito. Dirigir até a clínica ao lado do meu pai parecia uma tarefa simples, daquelas que qualquer filha faria sem hesitar. Mas para mim, cada minuto atrás do volante era como carregar uma montanha nos ombros.
Meu pai estava calado no banco do passageiro. Não era um silêncio confortável, tampouco constrangido. Era um silêncio que gritava. Aquele tipo de silêncio que só existe entre pessoas que se amam, mas que não sabem como enfrentar o que está por vir.
Eu tinha pedido para acompanhá-lo ao médico assim que soube da bateria de exames que ele fez semanas antes. Ele disfarçou, como sempre fazia, dizendo que era rotina, que os médicos exageravam. Mas o cansaço em seu rosto, os lapsos de memória e a palidez nos últimos dias me diziam o contrário. Ele estava evitando me preocupar — ou, talvez, a si mesmo.
Estacionei em frente à clínica sem dizer nada. Quando desliguei o carro, meu pai pigarreou.
— Stella, s