Charlotte Willians
Sentei-me no banco de couro do carro preto alugado, com os olhos fixos na paisagem cinzenta que escorria pela janela embaçada. O sol mal havia nascido, mas eu já estava acordada há horas, com a mente fervendo. O tempo não havia apagado as lembranças, apenas as deixado mais afiadas. E agora que eu estava de volta, o mundo que ajudei a construir parecia pronto para me devorar.
Dominic não quis me ouvir. Isso não me surpreendeu. Ele sempre foi impulsivo, guiado por emoções fortes demais. Amor demais. Raiva demais. E no meio disso tudo, eu fui esmagada.
Ou talvez eu tenha me deixado esmagar.
Irina e eu nunca fomos amigas. Nossa história começou como tantas outras: promessas sussurradas em festas caras, alianças formadas na base da conveniência e uma compreensão silenciosa de que ambas queríamos as mesmas coisas: Poder. Estabilidade. Controle. Mas Irina era mais fria do que eu jamais poderia ser. Ela sorria enquanto destruía, com a mesma elegância com que servia champanh