A viagem parecia não ter fim. O trem atravessava estradas intermináveis, costurando cidades que Bianca jamais ouvira nomear, e cada parada revelava rostos diferentes: vendedores de frutas, velhos solitários, mães com filhos sonolentos. Do lado de fora, os campos se estendiam até onde a vista alcançava, pontilhados por casas de madeira, silos e fazendas adormecidas no calor do verão.
Bianca observava tudo com o nariz colado no vidro. Os olhos verdes, atentos e maravilhados, não perdiam nada: as pontes largas, os rios barrentos, até os cavalos pastando preguiçosos à sombra. O coração, no entanto, batia acelerado — não de medo, mas de ansiedade. Cada quilômetro a levava para mais perto do pai.
Do outro lado do corredor, Esther mantinha a rigidez habitual, xale fechado até o pescoço, os olhos semicerrados. Lúcia, ao contrário, parecia inquieta; vez ou outra ajeitava a mala sob o assento ou oferecia um pedaço de pão a Bianca, insistindo para que comesse.
— Não quero agora, Lúcia — murmurav