Subimos as escadas correndo e, quando entramos no castelo, lá estava minha mãe, no meio do salão, toda agitada dando ordens.
— Ah, finalmente! — ela exclama, quase tropeçando nos próprios pés para vir nos encontrar na escada. — Os outros alfas já estão quase chegando! Vocês precisam se aprontar e estar impecáveis às oito! — Calma, mãe! Ainda são quatro da tarde — respondo. — Eu sei, mas o pânico já bateu! Quando terminarem de ajudar a Odetta, venham me ajudar a receber o resto do pessoal. — Sem problemas. — Não, Madison! Essas não são as toalhas para o alfa Maddox! — minha mãe grita, cruzando por nós para interceptar uma pobre criada. — A gente vai estar seguros durante isso tudo? — As coisas mudaram desde a última vez que você esteve aqui. Agora, nós ficamos todos na ala oeste, e os outros hóspedes se espalham pelo resto do castelo. Tem um monte de guardas vigiando a entrada da ala oeste, só entra quem tem autorização, tipo a nossa família. Solto um suspiro aliviado. Antes, os outros alfas ficavam hospedados numa mansão lá fora, mas acho que essa organização é bem melhor e mais prática. Caminhamos por uns dois minutos até chegarmos aos guardas na entrada da ala oeste. — Refeitório da ala oeste, sala de estar da ala oeste… — vou comentando enquanto passamos por umas portas enormes. Faz tanto tempo que não venho aqui que tudo parece novinho em folha. — Esse é o seu quarto. Ela abre a porta e entramos. O quarto é todo verde, com uma cama grande, um guarda-roupa enorme, algumas cômodas, uma televisão de tela plana e um banheiro. Também tem uma estante cheia de livros, um sofá superconfortável, uma mesinha de centro e outra de canto, e uma varanda. — Gostou? — Tá incrível! — respondo, sem fôlego. — Eu ainda preciso daquele copo d'água! — Deixa que eu pego — ela diz, já abrindo a porta para sair. — Ah, lembrando, o quarto do lado direito é o da Quinn, e o em frente ao seu é o meu e do papai. O da Faye é ao lado do nosso, e o dos seus avós fica no fim do corredor. — Obrigada — murmuro. — E não se esqueça de se arrumar para as oito! — Prontinho! — Quinn diz, dando um passo para trás. Ela analisa o trabalho que fez no meu rosto e cabelo, e então balança a cabeça em aprovação, se afastando para que eu possa me ver no espelho. Eu pareço diferente, mas ainda sou eu. A maquiagem está impecável e realça meus olhos azuis. Meu cabelo castanho está preso em um coque baixo bem elegante. Me sinto tão madura. — Agora, o vestido! — ela grita, correndo para o meu closet. Ela volta segurando um vestido vermelho de renda, com mangas compridas e uma fenda generosa no decote. — Eu que escolhi! — ela diz, com um brilho nos olhos. — Gostou? — pergunta, com uma pontada de preocupação na voz ao ver que eu não abro um sorriso de imediato. — Eu amei! — exclamo. Me aproximo e toco o tecido do vestido. — Parece tão macio… — murmuro, com um sorriso leve. — E você vai ficar linda! — ela diz, pegando um par de sapatos pretos no meu closet. Eu me troco, e quando me vejo no espelho de corpo inteiro, solto um suspiro surpresa. Eu não tenho curvas tão exuberantes quanto as da Faye, nem o corpo de modelo da Quinn, mas as minhas pequenas curvas são ressaltadas pelo vestido. — Você está deslumbrante! — Quinn sussurra ao meu lado. Seu cabelo loiro está preso em um rabo de cavalo alto, com duas mechas soltas emoldurando o rosto. Ela veste um vestido creme tomara que caia que valoriza seu corpo, e que se alarga na cintura. Ele termina na altura dos joelhos, e ela usa sandálias de salto creme que combinam. — Você também está linda! — respondo ao elogio. As bochechas dela ficam levemente rosadas. — Obrigada — ela murmura. — E adorei o que você fez no meu cabelo e maquiagem! — elogio ainda mais. Nesse momento, ela já está vermelha como um tomate. — Imagina — ela diz. O momento é interrompido quando Faye entra no quarto, fechando a porta atrás de si com um estrondo e trancando-a. — Que foi, Faye? — A mamãe… — ela exclama. Seu cabelo está preso com grampos que realçam seu rosto. Sua maquiagem é leve, e a deixa radiante. Ela veste uma túnica branca, e parece ter visto um fantasma. Quinn revira os olhos, já acostumada com isso. — O que ela está te obrigando a usar? — ela pergunta, se jogando na minha cama. — Saltos altos… — ela responde, como se fosse a pior coisa do mundo. Como se fosse um sinal, minha mãe b**e na porta. — Faye Archibald, abra essa porta e se vista antes que eu arrombe a porta da sua irmã! — grita minha mãe. Faye decide ficar em silêncio. — Eu sei que você está aí, Faye. Abra a porta, e podemos negociar — minha mãe diz. — Você é mãe, mães não negociam — Faye rebate. Mamãe solta uma risada do outro lado da porta. — Se você abrir a porta e usar o que eu te dei, eu juro pela lua que te deixo escolher um sapato e um vestido para o baile alfa de verão do ano que vem! — Jura pela lua? — pergunta Faye, hesitante e desconfiada. — Eu, Katherine Archibald-Lux, juro pela lua — minha mãe diz, e Faye finalmente abre a porta. — Tudo bem, mas não ouse quebrar esse juramento! — Faye diz para minha mãe, saindo correndo, enquanto minha mãe ri na minha porta. Os olhos dela se arregalam quando me vê. — Você está como a própria Lua deveria estar! — diz, me abraçando. — E você, querida, está tão doce e pura que eu arrancaria os olhos de qualquer homem que te olhasse com segundas intenções — minha mãe diz, sorrindo para Quinn. — Deixa comigo — meu irmão diz, da porta. — Vocês duas estão maravilhosas — ele sorri para Quinn e para mim, e se vira para a mamãe. — O papai precisa de você. — Aonde ele está? Noel suspira. — No seu quarto. — Oh… — ela cora e sai rapidamente. — Isso foi… intenso. — Eles fazem tanto barulho quando estão se divertindo… Agradeça por estar vendo só isso — Quinn resmunga. Eu começo a gargalhar, e coloco a mão na boca para abafar o som. — Meu Deus! — E você não entra no escritório deles para discutir um assunto sério e depois sentir o cheiro de sexo no ar… Agradeça à Deusa da Lua por isso — Noel lamenta. — Cala a boca, Noel, você não é nenhum santo — Quinn rebate. Noel fica vermelho. — Eu realmente sofri nessa casa porque vocês são todos muito barulhentos e safados. — E a Faye? — pergunto em tom de brincadeira, sem esperar resposta. Quinn geme ainda mais alto. — Nem me fale sobre os namoradinhos secretos dela e os gritinhos constantes! Os olhos de Noel se arregalam. — Ela anda trazendo caras escondido? — Ela só não encontrou o companheiro dela ainda… — acrescento. — Ops — Quinn murmura. — Como eu estou? — Faye pergunta, entrando no meu quarto. — Por favor, feche a porta atrás de você — peço, mas ela já está caminhando em direção ao meu espelho antes que eu termine a frase, deixando a porta aberta.