A MORDIDA SUAVE DO ALFA
A MORDIDA SUAVE DO ALFA
Por: Dairy Cornieles
1

Me sento encarando as duas malas ali, em cima da minha cama.

Fico pensando se fecho logo o zíper ou se simplesmente dobro tudo de volta no armário.

Não dá para voltar atrás… não para aqueles olhares de pena e a chance de esbarrar nele de novo. Eu devia estar lá, já que agora ele é o alfa.

— Ai, meu Deus, não consigo fazer isso — sussurro para mim mesma.

Minha família pode até não se importar de vir me visitar, mas eu não consigo ir até lá. Faz tempo demais. Só que meu pai faz questão de ter todos os filhos por perto, e eu tenho evitado isso há quatro anos. E ainda por cima, proibi minha família de me visitar por mais de um ano para fugir dessa conversa, mas de alguma forma me deixei convencer.

A semana da festa alfa de verão começa hoje à noite, e eu não sei se vou conseguir bancar a adulta se der de cara com ele hoje.

Já empacotei tudo, só preciso de coragem para fechar essas malas e descer as escadas. Fecho os olhos, respiro fundo e solto toda a minha insegurança.

Vou até a cama e zíper nas malas antes que eu mude de ideia, selando meu destino. Pego a minha bolsa vermelha e arrasto as malas para fora do quarto, desço as escadas e saio do meu apartamento. Entro no elevador com as malas e aperto o botão do térreo.

— O motorista está esperando, senhorita Archibald — avisa o porteiro quando saio do elevador.

Só aceno com a cabeça, puxando a mala atrás de mim, e ele me impede.

— Deixa comigo, por favor.

— Obrigada — murmuro e sigo em frente.

Eu precisava me manter ocupada; então, fiquei só mexendo os dedos. Estava nervosa, muito nervosa… pra caramba, eu estava com medo, ansiosa, insegura e cheia de dúvidas. Será que eu ia conseguir passar por tudo isso numa boa?

Outro porteiro abre a porta para mim, e lá vou eu, exposta ao sol e à brisa úmida e suave. Vejo o BMW preto que veio me buscar.

Desço os poucos degraus até ele enquanto o motorista sai correndo.

— Que bom te ver de novo, senhorita Archibald — ele fala, abrindo a porta para mim.

— Como você está, Derek? — Pergunto, dando um sorriso.

— Tudo bem — ele responde, fechando a porta quando eu entro no carro.

O porteiro sai do prédio com a minha mala, e Derek abre o porta-malas e coloca as malas lá dentro.

Derek fecha o porta-malas, entra no carro e logo estamos a caminho.

— Como andam os preparativos para o SAG?

— Estão ótimos. O castelo está lindo.

Eu sorrio.

— E as minhas irmãs?

— Sua mãe está insistindo para que Faye use um vestido, Quinn está cuidando do palácio, e Faye e sua mãe estão brigando o tempo todo.

Eu dou risada da última parte.

Meu coração aperta quando minhas irmãs são citadas, e eu reúno coragem para fazer a última pergunta.

— E o Noel?

— Encontrou a sua companheira no ano anterior. Alia. Uma ruiva muito legal que consegue controlar seu irmão cabeça-dura — ele ri baixinho.

Eu sorrio e tento segurar as lágrimas. Eu nem sequer entrei em contato com o meu irmão gêmeo. Que tipo de pessoa eu era? E tudo o que eles fizeram foi cuidar de mim.

Minha família era tão linda antes de eu ter ido embora, e espero que ainda seja. Noel foi o primeiro, e foi o melhor irmão mais velho que alguém poderia querer, mesmo sendo da mesma idade. Faye, a moleca e selvagem da família, que odiava vestidos e com quem eu amava pregar peças nas pessoas. E, finalmente, a caçula, a última menininha doce, Quinn, era a mais respeitosa, a mais gentil e a mais inocente. Todos nós a protegíamos quando era pequena e ela era o bebê da casa.

Mas agora todos devem ter crescido. Os vinte e quatro anos não me caem bem, então imagino como vai ser para o Noel, e não consigo imaginar o tamanho que ele deve estar. Tenho certeza que Faye é uma rebelde aos dezenove anos e não consigo acreditar que a bebê Quinn vai fazer dezoito em alguns meses.

— Todos sentem a sua falta — diz Derek do nada.

Eu só aceno com a cabeça, porque eu sei disso e também tenho sentido falta deles.

— E todos nós ficamos muito tristes por você ter ficado longe durante quatro anos — ele continua.

— Me desculpa.

— Não precisa, porque todos estão muito felizes com a sua chegada — ele me dá um sorriso tranquilizador pelo espelho retrovisor.

Depois de uma viagem de mais de seis horas, finalmente atravessamos os portões do castelo dos Archibald.

O carro para em frente ao castelo, e eu o observo pela janela. Derek sai do carro.

Estou com tanto medo de sair. Mesmo com o Derek dizendo que eles estavam tão felizes com a minha chegada, não pude deixar de pensar se eles me odiavam ou, pelo menos, estavam bravos comigo.

Derek abre a minha porta e estende a mão para mim com um sorriso tranquilizador. Eu pego a mão dele, hesitante.

Assim que saio, ouço meu nome. Me viro e só vejo algo borrado antes de ficar sem ar quando eu tropeço um pouco. Minhas irmãs.

— Sentimos a sua falta — sussurra Faye.

— Muito — continua Quinn.

Retribuo o abraço, ignorando o fato de que quase não consigo respirar, e esse movimento as encoraja ainda mais, porque me abraçam ainda mais forte.

— Não consigo respirar — consigo sussurrar.

Elas se afastam, e me deparo com duas loiras que me dão sorrisos brilhantes.

O cabelo de Faye agora está em um corte bob ondulado que cai bem nela, enquanto Quinn ainda o mantém liso.

— Não esperava que você viesse, Odetta — diz Quinn.

— Nem eu — respondo, e não consigo evitar, as lágrimas começam a cair.

— Senti tanto a sua falta — abraço as duas enquanto minha voz embarga.

Elas retribuem o abraço e, quando nos separamos, os olhos azuis de Quinn se enchem de lágrimas enquanto Faye me sorri.

— Odetta, meu bebê, meu Deus — grita minha mãe enquanto desce correndo as escadas e pula em cima de mim.

— Oi, mãe — murmuro.

Ela beija o topo da minha cabeça, e eu quero chorar porque tenho saudade dessa sensação.

— Senti tanto a sua falta. Por que não ligou? — ela diz, se afastando.

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