Quando chegou em casa, já era noite. Maurício não era de adiar nada, tampouco de fugir de conversas difíceis, mas estava relutante em receber Henrique. Eles sempre foram amigos, compartilhavam tudo. Porém, fazia meses que nem sequer se falavam. Muita coisa havia acontecido nesse período, e ele não tinha certeza se conseguiria explicar tudo o que havia mudado.
Apesar da hora, a noite ainda estava um pouco abafada. O apartamento fechado pedia para ser arejado, e ele queria que aquele clima pesado fosse embora junto com o ar parado. Abriu as janelas, colocou água para o café e mandou uma mensagem para Henrique:
— Tô em casa. Pode vir.
Quando o irmão chegou, encontrou Maurício abrindo a porta. Os dois ficaram parados por alguns segundos, mas logo se abraçaram ali mesmo, no corredor. Foi um longo abraço, daqueles que curam e restauram. Terminaram segurando a nuca um do outro, com um sorriso aliviado.
— Senti sua falta.
Ao entrarem no apartamento, não parecia que haviam passado ta