O mar raramente dá algo sem querer algo de volta.
E desde que Ronan trouxe a concha do leste, o Norte respirava em outro ritmo.
Na fortaleza, o ar parecia mais úmido, como se o vento trouxesse sal mesmo em dias de neve.
As tochas demoravam mais para acender.
E, durante a noite, ouviam-se estalos distantes — sons de água tentando conversar com o gelo.
Erynn percebia primeiro.
O cajado vibrava, inquieto, sempre que passava pela mesa onde o artefato repousava.
— O mar não dorme — disse, certa manhã, à Sigrid. — E quando não dorme, sonha acordado.
A velha costureira deu de ombros, puxando o fio grosso entre os dentes.
— Então deixa sonhar. Só não o acorda.
Mas havia alguém que já o ouvia: Lyria.
Desde o dia em que a concha chegou, a menina sonhava com o som de ondas batendo em lugar nenhum.
Nos sonhos, via reflexos de cidades submersas, luzes que dançavam como peixes, e uma voz que sussurrava sem boca:
“Tens o nome que o mundo esqueceu.”
Helena começou a notar as mudanças.
Às vezes, encon