A manhã seguinte nasceu sem cerimônia.
Nenhum sinal no céu, nenhuma mudança brusca no clima. O sol apareceu do mesmo jeito de sempre, como se o mundo não tivesse sido tocado pela conversa da noite anterior. Era esse o detalhe mais perturbador: tudo parecia normal demais.
Lyria acordou antes de todos.
Não por ansiedade, mas por hábito recém-adquirido. Havia dias — ou talvez semanas — que o sono deixara de ser profundo. Ela não sonhava mais como antes. Em vez de imagens soltas, tinha sequências. Situações que pareciam ensaiadas, mas não decididas. Caminhos possíveis.
Levantou-se em silêncio e foi até a cozinha. Preparou o próprio café com cuidado excessivo, como se o gesto simples fosse uma âncora. Sentou-se à mesa e ficou observando o vapor subir.
Foi então que sentiu.
Não um som. Não uma visão. Uma pressão suave, interna, como quando alguém está prestes a chamar seu nome, mas ainda não abriu a boca.
Ela fechou os olhos.
O sentimento não vinha de fora da casa. Vinha de dentro. Das pare