O Magnata e a Leoa

 O Magnata e a Leoa

Leonardo Bianchi odiava perder tempo. 

E odiava ainda mais ser obrigado a aceitar ordens de alguém que não se curvava ao seu nome, seu dinheiro ou sua reputação. 

Desde que se tornou o CEO mais jovem do país a levar uma empresa ao topo da Bolsa, estava acostumado a ser temido, não questionado. 

Só que, naquele momento, ele não tinha escolha.

O atentado no mês anterior foi o recado mais claro: 

Ele era alvo. 

Real. 

Visível. 

Vulnerável. 

E agora, sua segurança estava nas mãos de uma mulher que nem se dera o trabalho de cumprimentá-lo direito.

Helena Costa entrou na sala de reuniões da cobertura como um furacão controlado. 

Usava uniforme tático preto, cabelos presos num coque firme, expressão indecifrável. 

Trazia consigo uma prancheta, um tablet e a aura de alguém que não aceitaria ser interrompida.

Leonardo ergueu uma sobrancelha.

—Você que é a famosa leoa? Disse ele, cruzando os braços. 

—Esperava alguém um pouco mais... 

—Diplomática.

—E eu esperava alguém um pouco menos narcisista.

—Mas aqui estamos. Ela largou os documentos sobre a mesa. 

—Essas são as rotas de fuga, os pontos cegos e as falhas de segurança na sua residência, escritório e rotina pessoal.

Ele se levantou devagar, aproximando-se dela.

—Você sempre fala com seus clientes assim?

–Só com os que acham que segurança é uma extensão do próprio ego.

 Ela apontou para o mapa no tablet. 

—Você faz o mesmo trajeto há meses. Sai na mesma hora. Frequenta os mesmos restaurantes. Sabe quantas vezes um sniper precisa pra se adaptar a esse padrão?

Leonardo se calou. Ela continuou:

—Uma.

O silêncio caiu como uma lâmina. Ele a estudava, tentando decifrar o que havia por trás daquele olhar firme. 

E então, como quem testa limites, ele deu um meio sorriso.

—Você não tem medo de mim.

—Você não é perigoso, senhor Bianchi. 

—Só é mimado.

Ela começou a recolher os papéis, pronta para sair.

—Então por que aceitou o trabalho?

Helena parou com a mão na maçaneta da porta.

—Porque mesmo homens mimados podem morrer. 

—E eu não permito que matem ninguém sob minha escolta. 

—Nem mesmo você.

Ela saiu sem esperar resposta. Leonardo ficou imóvel, encarando a porta fechada. 

Uma parte dele queria mandá-la embora no mesmo instante. Mas outra, a mais silenciosa e estranha, sentiu respeito. 

E curiosidade.

Helena caminhava em direção ao carro sentindo a tensão muscular se acumular no pescoço. Ele era exatamente como ela imaginava: 

Arrogante, sedutor em excesso, acostumado a dominar qualquer ambiente. Mas por trás da fachada de aço, havia algo nos olhos dele. 

Um cansaço antigo. Uma raiva que parecia esconder algo mais profundo.

Gabriel a esperava no banco de trás, desenhando num caderno. Quando ela entrou, ele ergueu os olhos brilhantes.

—Esse é o homem que você vai proteger?

—Sim.

—Ele é mau?

Helena sorriu.

—Não. 

—Só não sabe que o mundo não gira ao redor dele.

Gabriel fez uma careta pensativa. 

—Ele tem cachorro?

—Duvido. 

—Acho que ele não sabe o que fazer com alguém que late e não obedece.

O menino riu alto, e aquele som lavou um pouco da tensão do dia. Ela o conduziu de volta para a casa provisória.

 Uma residência discreta anexa ao condomínio de Leonardo, com paredes reforçadas e sistema de segurança triplo. 

Gabriel correu para o quarto novo enquanto ela revisava as câmeras e os sensores de movimento.

Naquela noite, Helena demorou a dormir. 

As imagens da guerra voltaram, as sirenes, a poeira, o calor sufocante. 

Mas, desta vez, junto às explosões, havia também um olhar. 

Os olhos de Leonardo, desafiadores, desconfiados. 

Olhos que pareciam vê-la além do uniforme.

Ela se sentou na cama, o suor frio descendo pelas costas.

—Você está morta, Helena. Sussurrou para si mesma. 

—Não começa a sentir!

Na manhã seguinte, Leonardo foi surpreendido pela presença de Helena já na entrada do prédio, às seis da manhã em ponto.

—Você acorda cedo. Ele disse, saindo do elevador com uma xícara de café.

—Segurança começa antes do sol nascer. 

—O mundo real não espera que você acorde.

Ele a observou por um momento. Usava a mesma roupa do dia anterior, e ainda assim parecia impecável. 

Corpo firme, movimentos precisos. 

Ele podia reconhecer um soldado a quilômetros. Mesmo que tentasse fingir que não se importava.

—Vai ficar me vigiando o dia todo?

—Sim. E a noite também, quando necessário.

—Então está dizendo que eu tenho uma sombra agora?

—Não! Estou dizendo que você tem uma chance de continuar respirando.

Leonardo deu um meio sorriso, abrindo a porta do carro blindado.

—Você sempre tão poética?

—Só quando o alvo é burro demais pra perceber o risco.

Ele riu pela primeira vez. Baixo, curto, como se estivesse redescobrindo o som.

—Você é mesmo uma peça rara.

—E você é um pacote de problemas caros.

No caminho até o prédio da empresa, Helena monitorou as mensagens, a equipe de apoio e o trajeto. 

Leonardo, por sua vez, alternava entre olhá-la discretamente e responder e-mails. 

Quando chegaram, ele segurou a porta do carro para ela.

—Obrigada. Disse Helena, surpresa.

—Pelo quê?

—Por não tentar me impressionar hoje.

Leonardo piscou devagar.

—Não preciso tentar. Você já está!

Ela não respondeu. Apenas o encarou, firme.

E por um breve instante, o mundo parou entre os dois.

Dois soldados de batalhas diferentes.

Dois corações que ainda não sabiam que já estavam em guerra um contra o outro.

Ou um pelo outro!

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP