No escritório fechado da mansão Valli, o ar parecia cada vez mais denso à medida que o contrato era finalizado. Úrsula, de braços cruzados, ainda sentia o estômago revirar ao pensar em Michelangelo, mas não havia como voltar atrás: tinha que proteger a si mesma e Isadora. Murilo, com a calma habitual, passou os termos a limpo, riscando um detalhe ou outro, e então concluiu:

— Então está decidido. Hoje à noite já vou para sua casa.

Úrsula ergueu uma sobrancelha, incrédula, mas ele apenas lhe devolveu uma piscadela maliciosa, como se fosse parte de um jogo ensaiado.

— Não se esqueça dos detalhes da farsa — acrescentou, com a voz grave, quase divertida. — Estamos juntos há cinco meses. Você não quis morar comigo porque meu bairro não prestava, então me mudei para sua casa. Já temos até planos de noivado.

Úrsula suspirou, tentando disfarçar o desconforto, enquanto ele ajeitava a pasta de documentos e seguia