O escritório da mansão Valli estava em silêncio, exceto pelo tique-taque ritmado de um relógio de mesa que parecia aumentar ainda mais a tensão do ar. Úrsula mantinha a coluna ereta, o rosto firme como uma máscara, mas as mãos em seu colo tremiam levemente, denunciando o turbilhão interno. Isadora, sentada ao lado, parecia inquieta, balançando o pé nervosamente, como se aquele ambiente fechado lhe tirasse o ar.

O que precisavam decidir era grande demais para ser ouvido por orelhas alheias. Todos sabiam o que pessoas poderosas faziam, mas óbvio, ninguém nunca poderia admitir.

Quando a funcionária entrou para anunciar a chegada de Murilo, Úrsula não se surpreendeu. Parte dela já esperava que Breno tivesse delegado o caso à seu investigador mais discreto, ainda que, intimamente, preferisse que outro funcionário viesse.

Ele entrou com a mesma postura impecável de sempre, terno alinhado, olhar frio e direto. Nenhum traço da intimidade que haviam dividido ante