18 Turbulências no Paraíso

Úrsula respirou fundo, afastando a onda de pensamentos que a deixara vulnerável. Não importava quem Clara havia sido para Isadora. Para ela, Clara não passava de uma figura vazia, uma sombra que nunca se fez presente. A frieza voltou a dominar seus traços; o brilho quase humano em seus olhos desapareceu como se nunca tivesse existido. Endireitou a postura e ergueu o queixo com a altivez de quem não se permite fraquejar.

— Sua mãe soube muito bem aproveitar uma oportunidade. — comentou em tom ácido, como quem joga sal numa ferida.

Isadora, ainda deitada, virou o rosto para observá-la, confusa, mas também curiosa.

— E a sua infância, Úrsula? Como foi?

Por um instante, o silêncio pareceu mais pesado do que qualquer música alta da noite que haviam deixado para trás. Úrsula a encarou, os olhos voltando a endurecer como pedra. Em vez de responder, levantou-se com calma, ajeitou a saia curta que usava e andou até a porta do quarto.

— Nós duas precisamos de um bom banho
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