Um novo começo

Amélia olhava ao redor maravilhada. Era um apartamento de 500m², duas suítes, dois banheiros privativos e varandas próprias, um lavabo de tamanho considerável, uma sala ampla e acolhedora, uma cozinha planejada e uma área gourmet que mais parecia ter saído de uma daquelas imagens do P*******t. Um lindo e majestoso apartamento de luxo bem no coração de Londres.

— Uau... — Amélia murmurou enquanto andava pelo apartamento. Tessa, jogada no sofá com as pernas cruzadas, observava enquanto a amiga admirava todo o apartamento. — Seus pais capricharam na escolha.

— Não é? Mamãe mandou decorar… — Tessa disse abrindo um sorriso ao lembrar da animação da mãe.

Tessa se levantou e foi até a amiga para mostrar o quarto que ela ficaria.

— Inclusive a mamãe decorou esse apartamento pensando que você dormiria aqui ocasionalmente, então o segundo quarto foi decorado especificamente para você.

Amélia arqueou as sobrancelhas, surpresa, enquanto seguia a amiga pelo corredor. Assim que a porta se abriu, seus olhos se iluminaram.

O quarto era um refúgio em tons de azul-claro e branco perolado, irradiando tranquilidade e elegância. As paredes tinham um tom suave de azul-celeste, com detalhes em molduras brancas trabalhadas. Uma cama de casal ocupava o centro, com um dossel de tule translúcido que caía como uma névoa delicada ao redor.

O edredom era de cetim azul-acinzentado, com almofadas bordadas em fios prateados, e o tapete felpudo sob seus pés era tão macio que parecia nuvem. À direita, uma penteadeira vintage espelhada, repleta de pequenos frascos de perfume e uma caixinha de música em formato de piano, completava o ambiente.

As cortinas longas, de veludo azul-claro, filtravam a luz do entardecer e lançavam reflexos dourados sobre os quadros de moldura dourada pendurados na parede, entre eles, uma pintura que retratava um mar sereno, tão calmo quanto o coração de Amélia desejava estar.

Ao lado da cama, uma estante de livros e partituras chamava atenção. Sobre ela, repousava um pequeno porta-retrato com uma foto de Amélia e Tessa ainda crianças, sorrindo diante de um piano.

— Meu Deus… — Amélia sussurrou levando uma de suas mãos à boca. — Está tudo perfeito.

— Mamãe decorou esse quarto antes de sabermos sobre suas mãos, então não fique chateada com ela por colocar partituras e algumas decorações que a lembrem de piano. — Tessa sussurrou mordendo a bochecha com medo do que a amiga pudesse sentir.

— O quê? — Amélia perguntou em choque. — Não! Tess, você sabe que eu nunca ficaria chateada com vocês.

— Eu sei… — murmurou sorrindo fraco.

Amélia sorriu fraco abraçando a amiga. Já não estava mais usando luva, apesar de sentir vergonha das cicatrizes, sentia que dentro daquele apartamento, com aquela família, podia ser apenas ela, sem se esconder.

— Você quer ir hoje no cartório? — Tessa perguntou se afastando levemente do abraço.

— Sim, quanto antes. — Amélia sorriu se afastando. — Posso arrumar minhas roupas mais tarde. Quero remover o sobrenome do meu pai e colocar o da minha mãe, sinto que só assim terei um começo digno.

Tessa assentiu dando um enorme sorriso para a amiga.

— Meu pai bloqueou o acesso a todas as minhas contas e cartões que foram criadas por ele. — Amélia suspirou se sentando na cama. — A sorte é que eu tenho uma conta pequena que minha mãe criou para mim. Ela guardou um dinheiro lá para que eu me virasse após os 18 anos.

— Quanto tem? — Tessa perguntou curiosa. — O suficiente para pagar a faculdade até se formar?

— Não. — Riu cansada. — Mal pagaria meu primeiro ano de faculdade.

— Céus… — Tessa murmurou abismada. — Não quero parecer aquele tipo de patricinha que vive pelo dinheiro, mas… é absurdo que a filha da grande Catherine Hart mal tenha o suficiente para sobreviver. — Amélia riu da amiga e balançou a cabeça. — Eu sei que tem gente que vive com muito menos do que isso, mas é repugnante o que o seu pai e Miranda fizeram com você.

— Eu deixei de ser a garota rica aos 16, quando a mamãe faleceu e meu pai trouxe Miranda e suas filhas para a nossa casa. — Amélia sorriu e se levantou da cama. — Mas deixe o passado no passado. Hoje deixarei de ser Amélia Bennet e me tornarei Amélia Hart, sei que demorará alguns meses até que a troca de sobrenomes ocorra de verdade, mas antes de começar qualquer coisa, preciso abandonar o sobrenome Bennet.

Tessa assentiu e elas pegaram a bolsa prontas para sair, Amélia ainda usava as luvas na rua, mas agora Tessa não a achava doida e sim uma jovem mulher forte.

— Podemos ir ao mercado? — Amélia perguntou após terem saído do cartório com todos os documentos assinados e o processo de remoção do sobrenome Bennet e a inclusão do sobrenome Hartter sido iniciada.

— Por quê? Minha mãe mandará cozinheiras para nós. Não precisa se preocupar. — Perguntou confusa.

— Pode pedir a ela para não mandar? — Fez um biquinho para a amiga. — Quero ser útil. Além disso, eu fiz um acordo com o seu pai e quero cumprir a minha parte.

— Você sabe que ele só aceitou esse acordo para te deixar mais calma, não é? — Tessa riu quando ouviu a amiga bufar.

— Eu sei, mas quero ao menos tentar fazer minha parte. Eu disse a ele que poderia cozinhar, fazer a compra do mês e limpar a casa, assim eles não precisariam contratar ninguém para esses trabalhos, em troca ele tentaria diminuir as cicatrizes da minha mão.

Tessa olhou para a amiga que agora encarava as mãos enluvadas, um sorriso sincero se formou em seu lábio. Ao menos a amiga estava tentando, e ela a ajudaria, mesmo que para isso precisasse aprender a lavar a louça e arrumar suas próprias roupas.

— Uau. — Tessa disse quebrando o clima. — Quem diria que eu teria uma melhor amiga que cozinharia todos os dias para mim?

Amélia gargalhou. Uma risada leve e calma.

— Boba.

— E o que vai fazer? Comecei a ficar com fome. — Tessa fez um biquinho enquanto segurava o braço da amiga e a acompanhava até o mercado.

— Ravioli de lagosta — respondeu, como se fosse algo simples.

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