Mikail entrou na mansão já de noite, o ar frio cortando o calor que ainda sentia no corpo. Havia um silêncio estranho, como se cada parede guardasse segredos que não lhe pertenciam. O som dos próprios passos ecoava pelo corredor, e, por um momento, ele teve a sensação de estar sendo observado — como sempre.
Subiu as escadas lentamente, cada degrau um peso extra na consciência. Queria esquecer o olhar de Sofia naquela manhã, o jeito como ela saiu, fugindo dele mais uma vez. Queria apagar a sensação de que algo nele se partia cada vez que ela se afastava.
No quarto, jogou o paletó sobre a poltrona e foi direto para o móvel de bebidas. A garrafa de uísque estava ali, como um velho cúmplice, e ele serviu uma dose generosa, sentindo o líquido âmbar brilhar sob a luz suave do abajur.
Estava prestes a levar o copo aos lábios quando uma batida seca na porta o fez suspirar.
— Entre — disse, sem disfarçar o mau humor.
A porta se abriu lentamente, revelando Irina. O vestido de seda azul co