Início / Romance / A GÊMEA ERRADA / 4 - Aprendendo a lidar com monstros
4 - Aprendendo a lidar com monstros

POV SASHA MENDONÇA:

Finalmente consigo respirar e me deito na cama. Agora tenho absoluta certeza que ele vai desconfiar de mim quando a gente consumar o casamento. E que merda essa que eu tenho que lhe dar um herdeiro? Minha cabeça vai doer de tantas coisas que eu tenho que pensar. Sorte a minha que, na época em que ele conheceu a minha irmã, nós éramos unidas e ela me contava quase tudo o que se passava na vida dela.

Quando criança, eu sempre fui mais apegada à minha avó do que à minha mãe, razão pela qual cresci com ela. Quando finalmente decidi vir viver com os meus pais e a minha irmã, fui surpreendida com problemas que hoje refletem na minha vida.

Depois que o Akon encontrou a minha irmã, ele pediu… não, ele ordenou aos meus pais a mão dela. E todo mundo sabe da influência e dos negócios sujos aos quais a família do Akon é ligada desde muito tempo. Com a tomada de poder por Akon, essa influência transcendeu e o cara está praticamente tomando os países e estabelecendo as empresas dele.

Continuando… quando a minha irmã descobriu que ele queria ela como mulher, ela surtou. Não foi um surtar normal, do tipo chorar ou quebrar coisas… não. Ela ficou maluquinha e vinha com teorias sobre que iriam matar ele, o que não era mentira, caso ela não aceitasse. Mas, para ser sincera, eu esperava realmente que ela aceitasse o pedido, já que o homem é poderoso e ela gosta de caras assim. Mas foi completamente o oposto. Ela me implorou para que trocássemos, eu fingisse ser ela e ela fosse eu. Mas não era para durar tanto tempo. Já se passaram dois anos… e a desgraçada não voltou.

Sinceramente, eu meio que temo o que ela pode ter feito com a minha identidade. Minha mãe ficou bem brava quando descobriu o que a gente tinha feito. O meu pai ficou três meses inteiros sem falar comigo. A nossa relação está meio desgastada porque, segundo ele, ele não esperava que eu aceitasse a proposta maluca da minha irmã.

Confesso que, no início, tentei enganar os meus pais fingindo ser a minha irmã, mas só durou um minuto até que eles descobriram.

Depois que eles descobriram, não teve muito o que fazer. Meus pais não podiam simplesmente anular o casamento. Eu acho que, pelo meu pai ter se sentido incapaz de evitar o casamento, ele não conseguia olhar na minha cara. Além disso, Akon já tinha marcado a data e deixado claro que não aceitava recusas. E aí, como se eu fosse uma peça de xadrez, fui empurrada direto para o jogo dele como um peão.

Lembro perfeitamente do dia do casamento. Eu mal conseguia respirar dentro daquele vestido, e não era por causa do corpete apertado… era por toda aquela situação.

Naquele dia, ele não tocou em mim. Nem um beijo de noiva, nada. Só pegou na minha mão, como quem pega uma propriedade recém-adquirida, e me guiou até o carro. E agradeci por ele ter mantido assim. Apesar disso, a minha vida virou uma rotina cronometrada.

Adormeço pensando em tudo… em como isso começou… e acabo tendo um pesadelo.

Já eram cinco horas quando saí do quarto. Como sempre, faço a minha higiene, coloco um vestido soltinho e elegante depois do banho e saio do meu quarto em direção à cozinha.

Chego à cozinha e o cheiro de café fresco já preenche as minhas narinas. As empregadas se movimentam, cada uma no seu posto, e fazem uma leve vénia enquanto me dão um sorriso caloroso.

— Bom dia, senhora. — dizem, em uníssono.

— Bom dia. — respondo.

Vou até a pia e lavo as minhas mãos. Me movo até a bancada, pego uma faca e começo a cortar algumas frutas. Sempre faço questão de participar de algo, nem que seja mínimo. Talvez porque, no fundo, seja uma das poucas coisas que ainda me fazem sentir no controle. Enquanto corto, uma das empregadas coloca o pão no cesto, outra arruma os pratos e talheres na bandeja de prata.

Preparo a jarra de suco, mexendo devagar, observando a cor laranja-viva preencher o vidro. O café já está pronto, forte como ele gosta. Coloco tudo numa bandeja maior e sigo para a sala de jantar.

Entro na sala e encontro ele organizando as mangas da sua camisa enquanto olha para mim. Pera aí… o quê? Ele está olhando mesmo para mim? Levanto um pouco a cabeça, para ter realmente a certeza… e realmente ele estava. Como se minhas pernas ganhassem vida, perco o jeito de andar. Sabe quando você está passando numa rua cheia de gente e aí esquece de como andar? É exatamente isso que está acontecendo. Felizmente me apoio na mesa e abaixo mais o meu olhar, tentando ao máximo me concentrar em organizar a mesa.

Ele não diz nada, apenas parece acompanhar com os olhos cada gesto que faço.

Sirvo o café dele primeiro, duas colheres de açúcar, nada de leite. Depois, coloco pão e um pouco de frutas no prato. Para mim, fico apenas com o suco e algumas torradas.

Sentamos em silêncio. O único som é o tilintar da colher mexendo o café dele e o som das minhas mordidas cuidadosas. Entre um gole e outro, sinto o olhar dele sobre mim, me deixando mais nervosa.

— Dormiu bem? — ele pergunta, com a voz baixa.

Fico tão surpresa com a pergunta que levanto a cabeça, olhando para ele só para ter a certeza de que está falando comigo.

— Ahh… sim. — respondo, quase gaguejando.

— Por que você sempre fica nervosa quando está perto de mim ou quando eu falo com você?

Respiro fundo e tento me manter calma e controlada. Calma e controlada… calma e controlada… repito várias vezes antes de responder.

— Você quase nunca fala comigo. E quando está perto, sempre parece irritado. Juntando com a sua má fama…

Antes que eu terminasse, ele me corta e eleva a voz, parecendo irritado.

— Por que você não aprende, de uma vez por todas, que é a mulher de um dos homens mais ricos? Você deve aprender a lidar com os meus monstros.

Fico em silêncio, sem a menor vontade de responder, só para não deixar ele mais irritado.

— Eu quero você pronta em menos de meia hora. Hoje vai saber um pouco sobre o que o seu marido faz. E usa uma calça e botas confortáveis.

— O-o quê?

— Você ouviu perfeitamente.

Com as palavras dele, me concentro em terminar a minha comida.

Termino meu suco e rapidamente subo para o meu quarto. Coloco uma camisa preta, uma calça apertada branca, botas pretas e um boné branco. Pego a minha bolsa e saio do quarto.

Procuro por Akon na sala, mas ele não está mais lá, o que me faz sentir um pouco de calma ao pensar que já deve ter desistido. Me sento no sofá e, por fim, relaxo.

— Levanta. — diz, de forma autoritária, me fazendo quase ter um treco.

Levanto rápido, sentindo as pernas um pouco trêmulas. Ele caminha até a porta e eu o sigo em silêncio. Entramos no carro e o motorista dá partida. O trajeto é rápido. Quando chegamos, percebo que é um campo de tiro, afastado da cidade.

Ele desce primeiro, abre a porta para mim e segura minha mão, guiando-me até uma área reservada. Sobre a mesa, há uma pistola, algumas munições e um protetor de ouvido.

— Hoje você vai aprender a atirar. — diz, olhando direto nos meus olhos.

Fico imóvel, observando enquanto ele carrega a arma. Depois, ele vem por trás de mim, passando os braços pelos meus ombros e me puxando contra o corpo dele. Sinto o calor e a firmeza dele me cercando.

— Pega. — ele coloca a pistola nas minhas mãos e posiciona meus dedos. — Assim.

A voz grave dele quase roça na minha orelha, e sinto a respiração quente. Ele desliza as mãos pelas minhas, ajustando cada detalhe da minha postura, e o corpo dele encosta por completo no meu.

— Mira… — ele segura minha cintura com uma mão enquanto, com a outra, guia meus braços. — Agora, atira.

O disparo soa alto e eu me sobressalto, recuando. Ele aproveita para segurar minha cintura com mais força, mantendo-me no lugar.

— Você precisa aprender a não recuar. — sussurra, e dessa vez o tom é mais baixo, quase íntimo.

Sem soltar minha cintura, ele ajusta meus pés, as mãos dele subindo lentamente pela lateral do meu corpo até tocar meus braços outra vez.

— Está tremendo… — ele comenta, e sinto o leve roçar dos lábios dele na minha orelha.

Meu coração dispara — e não é pelo tiro. Ele pressiona o corpo contra o meu, a respiração pesada, e os dedos deslizam da minha cintura para a lateral do quadril, subindo lentamente. Eu juro… eu juro que estou sentindo alguma coisa me pressionando, e tenho certeza de que é o órgão genital dele.

— Continua mirando… — murmura, mas a mão dele explora minha silhueta, apertando de leve.

Sinto o calor subir pelo rosto. Ele se inclina mais, o queixo roçando meu ombro, e o cheiro dele mistura-se ao aroma de pólvora.

— De novo. — diz, mas a voz agora é mais baixa, quase rouca.

Seguro a pistola, mas o toque dele me distrai. A mão dele na minha cintura sobe até quase tocar meu seio, enquanto a outra guia minha mão no gatilho. O tiro sai, mas eu mal noto.

Ele aproveita, puxa-me para trás e minha coluna encosta no peito dele. Os lábios dele roçam a minha nuca.

— Está aprendendo rápido… — murmura, e sinto um leve sorriso no tom.

A mão dele sobe lentamente pelo meu abdômen, até parar logo abaixo dos meus seios, apertando de leve.

Eu prendo a respiração.

Ele me vira de frente, ainda me segurando pela cintura. Nossos rostos ficam próximos. Os olhos dele descem para minha boca e, por um momento, o mundo parece parar.

— Vamos continuar… e dessa vez, presta atenção. — ele diz, rudemente.

CRETINO…!!!

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App