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3 - Marcados pelo passado

POV AKON:

Observo atentamente o figlio di puttana pelas câmeras, enquanto ele mata mais uma pessoa. O desgraçado pensa que, por ser um psicopata de segunda categoria, pode achar que manda... mas quel bastardo non comanda nemmeno nella sua fottuta ombra. E ainda acha que pode tentar prender a minha mercadoria.

— Eu quero ele preso. Mande as provas para a polícia. — digo, fazendo um gesto de arma com as mãos, mirando na cabeça dele.

— Você nunca foi tão misericordioso. — diz Alejandro, com os seus óculos que me deixam furioso.

Ele é um dos meus homens em quem mais confio, mas quem vê a cara não vê o coração podre que ele tem.

— Apenas faça o que eu disse.

— O que fazemos com os americanos? — Ele me olha com sangue nos olhos, e sei bem qual é a sua ideia.

— O que você quiser. — respondo, olhando nos olhos dele.

Ele sorri antes de se levantar da cadeira e sair da minha sala.

Passo a mão pelo rosto, lembrando do grande problema que arranjei. Eu não sei o que passou na minha cabeça para ter imposto o casamento à Sasha. Sabendo que ela não era elegível para tal. Foi um golpe duro pra mim saber que ela se envolveu com tantos homens que eu nem consegui olhar na cara dela. Mas a merda já estava feita. Cazzo... Agora tenho que aguentar a pressão que vem do Conselho para que eu tenha um herdeiro.

FLASHBACK ON: 19 anos antes

O som da chuva batendo nas folhas parecia martelar direto dentro da minha cabeça, que já doía muito.

Eu tentava abrir os olhos, mas tudo doía. O sangue estava ao meu redor devido aos vários ferimentos que cobriam o meu corpo. Não conseguia mexer o braço esquerdo. O peito ardia a cada respiração.

Pisquei várias vezes, mas não conseguia manter os olhos abertos. Eu lembro do meu primo me judiando.

Sempre fui um garoto calmo e com muito poucos amigos. Sempre gostei de estar no meu canto. Por isso, minha mãe me obrigou a vir nessas maledetti férias. Porque, segundo ela, o meu primo me ajudaria a fazer amizades.

Mas ela estava errada. Meu primo e os amigos me trouxeram até aqui e me cercaram. Os mesmos idiotas de sempre, mas hoje passaram dos limites. Por ser quieto, eles acharam que podiam comigo. Mas eu revidei. Acabei com os narizes de alguns deles. Até que começaram a usar objetos, me causando feridas extremas e algumas profundas. Tenho certeza que meu braço esquerdo está quebrado.

Não sei quanto tempo passou. Só sei que, se não fosse pela chuva, eu já teria apagado de vez.

De repente, ouvi passos leves vindo em minha direção.

— Quem tá aí?

Tentei me mexer, mas o corpo não respondeu. Um gemido escapou da minha garganta.

Então vi um vulto. Uma menina. Pequena. Casaco cinzento, cabelo grudado no rosto molhado. Me encarava como se tivesse visto um fantasma.

— Ei... tu me ouves? — a voz dela tremia, talvez por conta do frio.

Senti os dedos dela no meu pescoço.

— Pulso fraco... — ela murmurou.

Por que ela parou?

Tanto barulho. A chuva. Meu corpo doendo. A cabeça girando. Mas senti quando ela me puxou. Senti meu rosto encostar no ombro dela. E ela continuou me arrastando, como se eu fosse um saco de batatas. Se ela não queria me ajudar, por que estava me causando ainda mais dor?

Ela gemia de esforço, mas não parava.

— Eu não sei o que te fizeram... mas eu não vou deixar tu morreres aqui.

Ela disse isso. Juro que disse.

Tudo ficou preto depois disso. Só voltei a ouvir quando senti calor, uma coberta... o cheiro de álcool.

— Se tu morreres aqui, eu juro que vou te matar de novo — ouvi a voz dela.

Abri os olhos. Tudo embaçado. Mas vi. Ela estava ajoelhada ao meu lado, limpando o sangue do meu rosto.

— Tu...? — murmurei.

— Cala a boca. — ela respondeu, audaz. — Minha mãe te fez uns curativos, então vais ficar bem. Depois disso, você vai embora da minha casa.

— Qual é o seu nome? — perguntei.

Ela me olhou com um tom arrogante e, ao mesmo tempo, ignorante.

— Sou Sasha. A filha da modelo internacional. E eu não dou autógrafos para vagabundos.

Ela virou as costas, pronta para sair do quarto.

— Espera! — tentei falar, mas minha garganta seca mal deixou sair som.

— Aqui não é hotel para vagabundos. Fica quieto e não me atrapalha.

Tentei me sentar, mas meu corpo não ajudou. Ela me segurou pelo braço e me levantou devagar.

— Se quiser ficar em pé, vai ter que se esforçar.

Fiquei imóvel por um momento, segurando a dor no braço.

Ela pegou um pano limpo e molhado, passou no meu rosto e depois cuidou do meu braço quebrado, amarrando um pedaço de tecido apertado para fazer uma espécie de tala improvisada.

— Melhor assim. Não mexe muito.

Tentei falar, mas ela me calou com um dedo na boca.

— Cala a boca e fica quieto. Você não ouve.

Depois, pegou um copo d’água e me deu para beber.

— Bebe. Precisa de força.

Engoli com dificuldade.

Ela tirou um cobertor da cama e me cobriu.

— Minha mãe vai trazer comida. Não vai sair daqui até amanhã.

Ela olhou para a porta, esperando que a mãe aparecesse.

FLASHBACK OFF

Acordo e vejo que já é noite. Pego minha pasta e saio da empresa em direção à minha casa.

Em casa, caminho até meu quarto, no final do corredor. Tomo um longo banho e coloco um roupão e uns chinelos antes de sair em direção ao quarto dela.

Tento abrir e encontro a porta trancada. Bato na porta, mas ela demora minutos. Sons começam a soar de dentro do quarto, impactos, coisas batendo contra algo.

Bato mais forte.

— Abre essa merda. — falo, irritado.

A porta range e ela aparece. Os olhos baixos, a expressão tensa. Não fala nada, só me observa com medo estampado na cara dela. Aquela covardia dela só me irrita mais.

— Você tem medo de mim, não tem? — digo, sem disfarçar o desprezo na minha voz, enquanto a cerco. Ela recua, fugindo de mim.

Entro no quarto e fecho a porta.

Olho ao redor e vejo que ela apenas escondeu a bagunça. Olhando para o closet, entendi onde tudo estava. Ela percebe que eu notei.

— Você quer água? — ela diz, nervosa.

Arqueio as sobrancelhas. Ela desvia o olhar e tenta sair do quarto. Seguro seu corpo e o sinto ficar tenso.

— Você nunca se assustou com nada. Por que agora está com medo de mim? — pergunto.

— Você não é mais o mesmo. Antes você era meio... inocente.

— Inocente? — digo, rindo da ingenuidade dela.

— Si-sim...

Agarro o queixo dela forçando seu rosto a se virar para mim.

— Olha pra mim quando fala. — rosno, os olhos cravados nos dela.

Ela tenta se soltar, mas ponho força. Ela me encara e vejo as lágrimas tentando se formar. Sempre essa merda de choro. Como se fosse me abalar.

— Você acha que me conhecia? — pergunto, me aproximando ainda mais. — Acha que sabia quem eu era só porque me viu sangrando uma vez, aos seus quinze anos?

Ela não responde.

— Eu te salvei. — murmura, a voz pequena.

— E por isso achou que podia me transformar no príncipe encantado, é isso? — solto uma risada curta. — Você viu um menino quebrado e achou que podia consertar. Agora cresceu e descobriu que ele virou o tipo de homem que quebra os outros. Não... — me aproximo do ouvido dela e sussurro — eu mato eles.

Ela fecha os olhos, como se tentasse apagar minhas palavras.

— Abre os olhos. — ordeno. — Olha bem pra mim, Sasha.

Ela obedece.

— Por que me obrigou a esse casamento? — a voz dela sai firme, em contraste com o olhar choroso. — Por que você escolheu logo eu?

Fico em silêncio por alguns segundos. E, por mais que quisesse não responder... eu respondo.

— Porque você viu a pior parte de mim... e não fugiu. Isso me marcou.

Dou um passo para trás. O suficiente para deixá-la respirar.

Caminho até a cômoda e dou uma volta pelo quarto.

— O conselho quer um herdeiro. — digo. — E você, sendo minha esposa, tem obrigações.

— Obrigações? — ela quase grita, a voz embargada. — Eu não sou uma égua de reprodução!

Me viro devagar, encaro-a com as sobrancelhas arqueadas.

— Não... — dou um meio sorriso. — Mas é minha mulher. E isso já basta.

Ela engole em seco, dá um passo para trás quando avanço.

— Você... não vai me forçar a nada. — diz, me enfrentando.

Ela tenta mais uma vez fugir de mim, mas a prendo contra a parede. Por que ela não entende que de mim, ela não pode fugir?

Chego tão perto que sinto o cheiro do shampoo no cabelo dela.

— Ainda não. — digo, baixo. — Mas lembre-se, Sasha... o mundo lá fora não é melhor que eu. Nenhum dos malditos cretinos com quem você se envolveu vai te satisfazer como eu.

Sinto o seu corpo tremer em baixo do meu.

Finalmente a solto.

— Pode dormir. — digo, já caminhando até a porta. — Hoje... eu ainda tenho um pouco de misericórdia.

Abro a porta e paro.

— Mas não abusa.

Fecho a porta com força atrás de mim.

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