Mikhail Vasiliev
As vozes chegaram até mim como navalhas, cortantes, atravessando o silêncio da casa. Reconheci a de Ilya, exaltada, misturada à de minha mãe, trêmula, confusa, mas carregada de uma fúria que eu raramente a ouvi expressar nessa vida, mesmo enquanto estava aqui, anos atrás. O som vinha do quarto dela. Por um instante, fiquei imóvel, como se minhas pernas se recusassem a me levar até lá. Mas não havia escolha.
Fui até lá com passos firmes. No corredor, encontrei Alena indo na mesma direção, a respiração ofegante, os olhos arregalados. Quando tentei passar, estendi o braço à frente dela.
— Não. Eu resolvo. — Minha voz soou mais dura do que eu gostaria.
Ela hesitou, mas recuou, obedecendo, embora seus olhos me seguissem como se implorassem por respostas. Não lhe dei mais nada além de silêncio. Esse não era um assunto para qualquer pessoa, principalmente se tratando dela. Era uma ferida que só a família carregava.
Empurrei a porta do quarto. A cena diante de mim criou um nó