A decisão de sair da Alvarenga Holdings latejou na minha cabeça desde o momento em que acordei.
Quando cheguei ao estágio, tudo parecia mais pesado que o normal. Cada departamento que eu atravessava carregava o nome “Alvarenga” estampado em letras enormes nas paredes. Era sufocante. Eu sentia que a qualquer segundo alguém poderia vir me perguntar o que eu estava fazendo ali, como se eu não pertencesse mais àquele espaço — e, de fato, talvez não pertencesse mesmo.
Assim que o horário do almoço chegou, peguei meu celular e liguei para Olívia. Se tem alguém no mundo que sempre esteve do meu lado, é ela. E eu precisava conversar com alguém que me entendesse, sem julgamentos.
Ela atendeu na terceira chamada:
— Ella? Tá tudo bem?
— Preciso falar com você — respirei fundo. — Quero sair da Alvarenga Holdings.
Silêncio.
O tipo de silêncio carregado, daqueles que denunciam choque, preocupação e… curiosidade.
— Você tem certeza? — ela perguntou enfim. — É por causa do meu pai?
Engoli seco.
Claro