NOAH
O clima na Alvarenga Holdings estava diferente.
As pessoas desviavam o olhar quando eu passava, como se soubessem de algo.
Como se tivessem ouvido.
E tinham.
Meu pai não é o tipo de homem que perde a oportunidade de transformar um drama doméstico em uma história conveniente para si mesmo. Ele não diria meu nome, claro — seria “um dos herdeiros”, “um membro da família”… mas todo mundo entenderia.
Quando cheguei na porta da minha sala, encontrei Luís, meu assistente, branco como papel.
— Senhor Noah… — ele pigarreou — seu pai pediu que você vá direto à sala dele.
Claro que pediu.
Respirei fundo e caminhei pelo corredor como se estivesse indo para uma arena.
Antes mesmo de bater, ouvi a voz dele lá dentro.
Alta. Tensa.
— Entre — ele disse quando ouviu meus passos.
Abri a porta.
Helena estava lá dentro.
Sentei o desagrado me subir como um veneno.
Ela estava com as mãos cruzadas no colo, postura impecável, expressão de quem queria demonstrar apoio mas, na verdade, estava apenas cumpri