NOAH
O som ritmado dos monitores do hospital ainda ecoava dentro da minha cabeça, mesmo quando já não havia nenhum apito ao redor. Eu segurava a mão da Ella como se fosse a única âncora que me impedia de desabar.
Ela dormia — finalmente — depois de horas de preocupação, exames e mais preocupação.
O médico havia sido claro:
o bebê estava bem.
Mas o estresse…
O estresse quase levou minha vida inteira embora.
Eu nunca tinha sentido medo daquele jeito.
Nem quando deixei o país aos dezoito.
Nem quando voltei e enfrentei o mundo dos negócios pela primeira vez.
Esse medo… era outro.
Ela mexeu os dedos suavemente, e eu me inclinei, roçando meus lábios no dorso de sua mão.
— Me desculpa — sussurrei. — Eu devia ter te protegido antes. Devia ter te tirado daquela casa anos atrás.
Era uma confissão que nem eu sabia que estava guardada.
Ella abriu os olhos devagar, ainda sonolenta, mas lúcida o bastante para me encarar com aquela expressão que sempre me desmontava: uma mistura de força e fragilida