Otávio
Quinta-feira
Acordei antes do despertador, mas fiquei na cama mais de quarenta minutos. Não estava conseguindo organizar minha cabeça. Queria dormir mais para fugir das coisas que ecoavam na minha mente, mas não me sentia confortável de nenhuma maneira. O som do meu apartamento era o silêncio absoluto, e cada palavra pensada parecia ecoar nas paredes cinzas.
Virei para a esquerda. O som dos lençóis. Virei para a direita. O estalo no meu ombro. Eram 6:42 da manhã e eu já estava cansado, sem ao menos ter saído da cama. O sol entrava em feixes de luz por entre a cortina de linho, como um lembrete cruel de que eu não poderia recuar.
Levantei. O nome dela veio como um soco: Lúcia. A raiva que sentia por não conseguir tirá-la da cabeça era só menor que a que sentia de mim por não ter ido explicar o que aconteceu na quarta-feira.
Decidi ir à academia do condomínio. Era 7:15, bem mais tarde do que o habitual, mas me empenhei como nunca. Camisa azul, calça de abrigo, tênis gasto de tant