RODRIGO
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Depois do acidente da Yanka, eu decidi que não ia mais perder tempo. A vida tinha me dado um susto grande demais para eu continuar vivendo no modo automático. Passei a me dedicar inteiramente a ela. Não era sobre fazer coisas grandiosas o tempo todo, era sobre estar presente, sobre mostrar todos os dias que ela era amada. Gestos simples, mas constantes. O café na cama, as flores sem motivo, o abraço que chegava antes das lágrimas, a mão estendida antes da queda. Eu queria que ela soubesse, sem sombra de dúvida, que eu estava ali para tudo, de corpo e alma.
Um mês depois do acidente, numa manhã qualquer, meu telefone tocou. Era o Demétrio. Atendi no viva-voz enquanto dirigia. Ele foi direto...
Demétrio: Cara, a Melissa vai se casar daqui a um mês. E... eu vou ser padrinho.
Houve um silêncio rápido. Esperei para sentir algo, qualquer coisa. Mas não veio tristeza, nem raiva, nem aquele aperto que antes me sufocava. Apenas um sorriso sincero, leve, como quem escuta uma boa not