Eu respirei fundo, como se precisasse reunir todo o ar possível para me manter firme até o fim daquela conversa. Era a primeira vez, em muito tempo, que eu olhava para os meus pais e estava disposta a abrir cada gaveta da minha vida recente, até aquelas mais empoeiradas e cheias de lembranças difíceis.
Comecei do início.
Contei sobre a visita ao Rodrigo na cadeia, cada detalhe, cada sensação incômoda, cada silêncio pesado. Não escondi nada, nem mesmo as partes que me deixavam vulnerável. Falei sobre como aquilo tinha mexido comigo e, aos poucos, levei o relato até o momento em que o Diego entrou na minha vida.
A minha mãe manteve aquela expressão de esfinge, um rosto quase impossível de decifrar. Se ela fosse jogadora de pôquer, teria ganho todas as partidas da vida. Já o meu pai… ah, ele começou a conversa com o semblante rígido, os braços cruzados e aquele ar de “não sei se vou aprovar isso”. Mas conforme eu falava sobre tudo o que o Diego fez por mim, sobre como ele não apenas me t