Quando a última mala foi colocada no chão, Ronny estudou todo o quarto de hotel antes de caminhar em direção às janelas e abrir uma por uma revelando a grande cidade de Seant, a mesma a qual tinha deixado a seis anos para viver de amor com sua esposa e o filho que não era seu. Deveria ter demorado muito mais tempo, jamais voltaria para aquela cidade onde teve seu amor roubado pelo último homem a qual ele achou que seria traído.
Engoliu a seco pensando na possibilidade daqueles dois se encontrarem. Não, não deixaria isso acontecer jamais. Colocaria alguém para espionar Clarisse vinte e quatro horas por dia, queria saber seus passos e tudo que fazia naquela semana inteira que estaria ali. Se arrumou naquela manhã para almoçar com o grande Vicent Tornneagth, a pedido do mesmo. Não queria ter um encontro assim logo de cara, mas sabendo que outras pessoas estariam ali para cumprimentar o grande filho de Vicent, iria ajudar. Naquela semana se dedicaria a ser não apenas um filho, como também um CEO de grande nome em crescimento. Saiu do hotel indo para o lugar onde já o chamou de lar, a casa de seu pai que também era sua. Muita coisa ali tinha seu nome, porque antigamente quando sua vida era normal, Vicent deixava claro o quanto o amava e lhe dava tudo, e pelo que seus advogados tinham dito, nada havia mudado… não tanto. Cada canto ali, até mesmo o jardim lhe traziam de volta as lembranças antigas… aquele lindo jardim já foi cenário de transas intensas com Clarisse. Estacionou em frente as portas e para um almoço de negócio tudo estava muito silencioso e vazio. Será que tinha sido enganado? Seu pai estava querendo subir outra vez nas suas costas. Desceu do carro a tempo de ver Dylan abrir a porta… É realmente as coisas não tinham mudado. — Ronny… quanto tempo. – Abraçou o homem quando chegou, lhe deu dois beijos como fazia antes e lhe segurou pelos ombros — Está tão crescido. A vida de casado lhe caiu muito bem. — Aposto que sim, e você? Casou? Ou ainda é escrava daquele babaca? – Dylan sorriu o puxando para dentro da casa. — Quem é o babaca? O Vicent? – Ronny apenas revirou os olhos parando na sala novamente. Aquele lugar realmente lhe trazia muitas lembranças — O almoço começa às 14hs porque um dos envolvidos pediu ao seu pai, e ele acatou. Ronny olhou no relógio, não era nem meio dia. Revirou os olhos. — Eu vou avisar que está aqui. Saiu em direção ao escritório. Ronny subiu as escadas a passos lentos, saboreando o momento. No topo seguiu para seu quarto abrindo a porta logo depois. Algumas coisas haviam mudado, pôsteres das suas mulheres preferidas, coxas de camas, cortinas, tudo. Caminhou para dentro, chegando à janela, o jardim estava mais seco, onde estavam as flores? — Tem alguma coisa errada por aqui? – Seis anos haviam passado e aquela voz chegava a lhe dar arrepios e uma sensação de conforto junto com ódio mortal. Tudo ao mesmo tempo. — Tem… você, claro – Virou para ele e até se assustou. Vicent estava duas vezes maior que a última vez, o cabelo, os braços, será que tinha crescido na altura também? — O que você fez? — O que eu fiz? – Olhou para si depois para o filho. — Não fiz nada para você. Que bom que veio até aqui – Ronny apenas colocou as mãos no bolso. — Aqui em Seant, não na minha casa. — Sua casa? E ela não está no meu nome? — Você escolheu se deserdar, eu não vou ir contra suas escolhas. – Ronny engoliu o ódio já apertando os punhos — Então não, a casa não está no seu nome, mas o quarto ainda é seu, afinal, é meu filho deserdado ou não e não vejo motivos para não ser. — Você está se ouvindo? – Se aproximou devagar — Não tem motivos para eu mesmo pedir para não ter nenhuma relação com você? — Claro que não. — Você transou com minha mulher. — Ela não era sua mulher. Mas ia ser minha. — Cala a sua boc- — Vocês dois… – Dylan apareceu na porta já puxando Vicent para fora — Você desce e vai para seu escritório. E você Ronny, para com isso, vocês precisam tentar se dar bem na frente das pessoas. Vocês vivem por investidores na droga da empresa. Então parem de brigar por uma mulher. — Minha mulher – Ronny ressaltou e Vicent o olhou dos pés à cabeça e saiu dali. Antes de chegar no andar debaixo recebeu uma mensagem de um número desconhecido, no entanto, a origem não era nada desconhecida. Sorriu. — Sua mulher o escambau. ⭐ — Você tem que se acalmar, Ronny – Dylan bateu a porta colocando as mãos na cintura — Não em 10 minutos que chegou nessa casa, nem olhou na cara do seu pai para começar a brigar por mulher. — Acontece que ele começou a me provocar por causa da Clarisse. Claro que ela era minha mulher quando ele a seduziu a transou com ela. – Foi claro fazendo a mulher revisar os olhos. — Ele não transou sozinho e sua mulher não é uma santa. E nós dois sabemos disso – Ronny se calou — E eu não sei porque você está surtando agora, ela não é sua esposa? Ela está carregando seu nome, e estão criando o filho de vocês juntos. O que mais você quer? E o seu pai? Seu pai está aqui comendo uma prostituta por noite achando que vai encontrar uma mulher. — Ele me irrita. Parece que vai tomá-la a qualquer momento. Num piscar de olhos. – Bradou mais zangado ainda, Dylan estreitou os olhos e se aproximou, sentou na cama ao lado do garoto que passava as mãos no cabelo totalmente desconfortável com toda aquela situação. — Ele não vai conseguir tomar a Clarisse de você se estiverem felizes com o casamento. Estão felizes, não é? Ronny riu de canto e levantou da cama voltando para a janela… Eles não eram felizes, a droga da criança não era sua e sempre deixou bem claro o quanto detestava ela por perto. Era como se Jasper fosse Vicent, e estivesse o tempo inteiro tocando na sua mulher e isso acabava consigo. — Vou descer, preciso terminar os preparativos para o almoço. Espero que vocês se deem bem por dez minutos e então, você pode inventar algo sobre sua esposa está te chamando, todo homem de negócios respeita um chamado de sua esposa e filho. – bateu a porta outra vez louca para se ver livre daquela família. Só não tinha largado aquele drama todo por causa do salário maravilhoso que recebia e pagava todas as suas bolsas de marcas, vestidos e… — Espera… espera… você – Terminou de descer as escadas correndo e interrompeu Vicent que cruzava a sala pronto para sair — Para onde você pensa que está indo? — Preciso comprar mais uísque e tem que ser agora, porque ficar perto daquele moleque que acha que pode se achar porque casou. – Ajeitou o casaco e passou por ela, porém, antes de chegar a porta, Dylan parou em sua frente abraçando a saída — Com licença? — Eu compro suas bebidas do escritório e semana passada foi gasto exatamente trinta e quatro mil para seu estoque. – Ele baixou os ombros com um longo suspiro — Para onde vai? — Nos encontramos em um hora. Tchau Dylan.