- Tome, fique a vontade. O frio de Seant deixa todo mundo com preguiça de existir. Então, tome mais café, e se quiser mais alguma coisa me conte, me conte tudo que deseja comer, ta bom? - Sentou ao lado de Clarisse que acabou sorrindo com todo aquele carinho. O sabor do café de sua mãe era único. Nenhuma empregada daquela casa grande em Valcolink conseguiria reproduzir isso. Abriu os olhos devagar estudando o rosto bonito de sua mãe iluminar.
- Está muito bom. Obrigada por fazer isso, estava com muita saudade da sua comida - Nice suspirou passando as mãos pelo cabelo de Clarisse, tão linda e especial, nem acreditava que finalmente tinha voltado para casa - Você parece triste. - Não estou mais triste. Seis anos se passaram Clarisse, e não veio nos visitar. - A mulher assentiu com tristeza em seus olhos - Eu entendo que deve ter sido obra do seu marido, mas eu não acredito que ele tenha tanto poder assim sob você. Então, diga a mim se alguma coisa fizemos para te chatear. - Não fizeram nada, mãe. O poder que o Ronny tem sobre mim é simplesmente porque eu estava numa cidade na qual eu não conhecia ninguém e não pude conhecer porque ele sempre esteve em cima de mim. Monitorando mensagens, ligações, cartas, fax, qualquer coisa que venha direcionado a mim. - Como isso pode ter acontecido, ele mudou muito, era um homem incrível e apaixonado. - A traição muda as pessoas. E depois que descobrimos a real data da criação de Jasper - Sorriu de canto tomando outro gole de café, Nice sorriu de canto sabendo dessa história. Ele enlouqueceu e achou que na menor das brechas eu sairia correndo atrás do Vicent. - E você sairia correndo atrás do Vicent se pudesse? Seu pai me contou tudo depois, conversamos bastante e entendemos que o que você fez foi errado, meu amor. Mas entendemos que quando a gente ama, nada mais importa. Você seguiu seu caminho e quis experimentar algo diferente, tudo bem. - Tudo bem nada. Isso me custou muito. Ronny não gosta do Jasper, em alguns momentos o maltrata, mente para ele e depois age como se fosse um grande pai. Ele é extremamente ciumento e não gosta nem mesmo quando passo tempo com o meu filho. - A mãe tornou a abraçar a filha, já tinha ouvido aquela história muitas vezes nas mensagens. - Eu não sei como vamos fazer isso, mas não quero voltar para lá. - Gregory e eu conversamos também, você não vai voltar. E se voltar, quantos anos mais vamos ter que ficar sem nos ver? Ou leva a gente ou vocês não vão mais embora, entende? - Clarisse fechou os olhos deitando a cabeça no ombro dela. - Estava com medo de vocês mandarem eu voltar de novo. Estou tão feliz em estar de volta em casa. - Chorou mais até escutarem as risadas de Jasper e Gregory descendo as escadas. - Querido, está tão feliz, gostou do quarto? - Sim, o meu avô é demais - Gritou correndo até sua mãe que deu a ele um pouco de café, a sua bebida preferida - Isso é muito gostoso. Essa cidade é perfeita - Saiu correndo pela casa rodeando as mesas e as cadeiras. - Ele é bem energético e adora café, já tentei tirar isso, mas ele é bem insistente - Contou enquanto os dois apenas riam - Ele já tem privações demais para ficar sem seu café. - Ele disse que o quarto dele tem mais brinquedos que esse que arrumamos, mas que trocaria fácil - Sentou no outro sofá encarando as duas mulheres de sua vida - O que vai fazer agora? Pretende voltar para Valcolink ou todas essas malas são realmente para duas semanas? - Eu vou ficar pai, não quero voltar nunca mais para aquela cidade. Não me deixem ir. - Contou quase implorando para o pai que confirmou - Eu posso ir procurar um apartamento se quiserem, não vou querer atrapalhar também. - Jamais deixaria você sozinha, ainda mais agora. Sei que o seu marido não vai deixar que fique aqui, então temos que colocar um plano em ação para que ele não te leve. Sempre digo que o casamento é um laço para sempre, mas esse seu laço não está te fazendo bem. - Contou com toda autoridade e Clarisse assentiu - Eu tive uma ideia para nos ajudar com a sua "fuga". - Eu acho que só vocês dois falando que não volto para aquele lugar já ajuda. E posso pedir ajuda as minhas leitoras e a editora, todo mundo. Sei que ficaram do meu lado. - O mundo inteiro pode ficar ao seu lado, assim também como podem ficar do lado de Ronny, afinal, quem o traiu foi você e apesar de ter feito tudo isso por amor, ou desejo carnal, não tira o foco que houve uma traição. Então precisamos trabalhar com cuidado contra isso. - E para piorar, Ronny e Vicent Tornneagth são pessoas públicas e ricas, poderosas... - Acabou rindo. - Mas eu tenho um plano. - Que tipo de plano, pai? Vai ameaçar meu marido? - Eu poderia fazer isso, chamaria um exército grande, sou um policial aposentado e posso fazer isso, mas seria muita coisa para resolver. - Nice encarou a filha com um sorriso pequeno. - Queremos falar com o Vicent... Ele saberá como controlar o próprio filho dele, nem que para isso se suje no meio desse lugar chamado sociedade exclusivamente rica. - Clarisse voltou-se a mãe, totalmente surpresa - O que? Não tenho nada contra esse homem. - Espera... Não podemos fazer isso se o nome do meu filho for incluído. Aceito qualquer coisa, desde que não precise expor meu filho. - Os dois levantaram - O Jasper é filho do Vicent, Ronny jamais vai deixar que ele saiba disso. - Você prefere voltar para a casa onde era quase uma prisioneira ou viver conosco em paz? - Acham mesmo que depois do Vicent saber que tem um filho comigo, vai me deixar em paz? Vai querer conviver com meu filho, vamos ter que nos encontrar, e ele vai está aqui presente, e o Ronny não vai aceitar, eles podem acabar um com a carreira do outro e eu ali no meio. Agradeço a ajuda de vocês, mas quero resolver sozinha, porque se essa é a única ideia, não acho que vá dar certo. - Vai tentar resolver sozinha? - Ela concordou - Clarisse estamos aqui para te apoiar, tá bom? - Ela assentiu escutando os passos apressados de Jasper voltar pela sala subindo as escadas novamente - Podemos almoçar fora?Quando a última mala foi colocada no chão, Ronny estudou todo o quarto de hotel antes de caminhar em direção às janelas e abrir uma por uma revelando a grande cidade de Seant, a mesma a qual tinha deixado a seis anos para viver de amor com sua esposa e o filho que não era seu. Deveria ter demorado muito mais tempo, jamais voltaria para aquela cidade onde teve seu amor roubado pelo último homem a qual ele achou que seria traído. Engoliu a seco pensando na possibilidade daqueles dois se encontrarem. Não, não deixaria isso acontecer jamais. Colocaria alguém para espionar Clarisse vinte e quatro horas por dia, queria saber seus passos e tudo que fazia naquela semana inteira que estaria ali. Se arrumou naquela manhã para almoçar com o grande Vicent Tornneagth, a pedido do mesmo. Não queria ter um encontro assim logo de cara, mas sabendo que outras pessoas estariam ali para cumprimentar o grande filho de Vicent, iria ajudar. Naquela semana se dedicaria a ser não apenas um filho, como tamb
Quando saiu de casa sabia que muita coisa estaria diferente ao voltar. Se despediu de seu filho com um nó na garganta, o que ele iria achar de morar ali e bem longe do pai? Ao menos do pai que ela arrumou para a criança?Como nos velhos tempos, o restaurante que escolheu aquele horário era o mais possível da cidade e de todos que podiam reconhecer Vicent Tornneght. Não queria que alguém os visse a ponto de tirar fotos e mandar para todos os sites como fofoca, Ronny enlouqueceria sem contar que a exposição ao seu nome chamaria atenção de Jasper que já estava grandinho insuficiente para vagar pela internet.Não demorou para ver seu ex-amante atravessar as portas do restaurante com seu costumeiro sorriso de deboche, usando suas roupas sexy e aquele cavalo longo rodeando o pescoço. Esse tempo todo que estava longe, Vicent ficou ainda mais bonito, mais maduro, com uma barba fala contornando seu rosto másculo. Tão diferente de Ronny, mas igual a ele. Se o filho ficasse velho como o pai, es
Assim que Vicent atravessou as portas de sua casa, notou que alguns convidados já estavam presentes, tentou disfarçar pelo caminho procurando por Ronny, o encontrando diante da mesa de bebidas. Ah, então ele havia virado outro viciado em bebidas? Tudo bem, isso poderia lhe ajudar de inúmeras maneiras, disso não podia abrir mão. — É um prazer ter você aqui – Cumprimentou um de seu amigo, e sua esposa — Está tudo bem agora? Pensei que chegariam mais tarde. — Filhos. Estão sempre nos surpreendendo. Você vai descobrir isso com um tempo. – O outro retrucou fazendo Vicent sorrir. — Eu sei muito bem, tenho um que de vez enquanto ainda preciso puxar a orelha. — Jura? Temos quatro – Tornou a rir ao lado de sua esposa, Vicent perdeu um pouco de seu sorriso notando aqueles dois. Muito bem casados depois de anos separados e cuidando de quatro crianças, e muito bem… — Crianças, três meninas de 6 anos e um menino de 5. São os amores da minha vida… quer dizer, não mais que minha linda esposa. –
A noite caiu bem em Seant… Trazendo sua beleza encantadora com a lua exibida no céu com todo seu brilho… Aquele lugar era maravilhoso, de dia, de noite, o clima chuvoso, o vento frio que arrepiava os pelos, tão como o gelo das ruas a obrigando a usar casacos grossos e botas para aquecer seus pés. Mas apesar das ruas daquela cidade serem absurdamente maravilhosas a quais podia caminhar por horas e nunca veria algo semelhante, não chegavam aos pés da beleza de uma família feliz.Ouvia atentamente sua mãe contar as histórias que tinha com suas amigas, salão de cabelo, manicure, até mesmo no clube do livro e todas as festas de reencontro dos aposentados da polícia, sempre haveria uma história nova, um casamento que acabou e uma amante diferente para ser oferecida como informação e fofoca anual para suas amigas e colegas. Na sala, seu pai jogava videogame com Jasper o ensinando como deve usar os poderes do personagem no jogo. Jasper não tinha isso em casa, sempre jogava sozinho. Até tent
Os pequenos passos para dentro do quarto de hotel a deixava insegura. Olhou ao redor tomando cuidado para não demonstrar insatisfação ao ter que deixar seus pais e o conforto da casa para seguir Ronny para o hotel apenas porque ele contou para o garoto e o encheu de esperanças de uma manhã maravilhosa com cavalos, e todos os tipos de doces que ele conseguia comer.Havia algumas caixas e sacolas por todo lugar, Ronny entrou no quarto também com a criança em seu colo, ambos muito animados e seguiram para a cozinha. O quarto era bem espaçoso com mais dois quartos separados com cozinha e sala. Luxo e conforto total, era apenas isso que Ronny podia oferecer.— Vou colocá-lo na cama, quer vir junto? – Ronny bradou carregando o menino pela casa. Clarisse sorriu com as risadas do filho, ele parecia tão feliz, tão animado, e queria que sua vida fosse o tempo todo assim.— Eu vou me trocar e dormir. – Deu um beijo na criança.— Essas sacolas são de roupas pra você, roupas lindas e caras, Dylan
A porta fechou atrás de si, seu coração estava despedaçado. Tateou o chão engatinhando até a porta do banheiro e subiu aos poucos se apoiando na pia e forçou seu corpo até chegar ao espelho. A marca em seu rosto estava evidente, passou a mão por ali e ainda formigava. Os cabelos dourados ao redor de seu rosto lhe deixava linda como uma jovem adolescente apaixonada, apaixonada por ninguém além do filho. Começou a chorar e até mesmo a lágrima que escorreu passando por cima da palma em seu rosto.Chorou mais apertando os olhos… Contudo, despertou quando escutou o som do celular ao longe. Virou para a porta e no primeiro passo que deu, quase caiu se apoiando na porta. Se apoiou nas paredes até a sala junto das sacolas chegando ao seu casaco na poltrona onde estava sentada.Até ali já tinha perdido a ligação, pensou em voltar para o quarto e apenas deitar, mas o celular tornou a tocar… podia ser sua mãe, pois ela foi a que inventou todas as desculpas para Ronny para que não fosse embora, m
Aquela manhã deveria ser perfeita. Acordou com Jasper em seus braços, o frio mínimo dentro do quarto lhe trazia conforto e felicidade ao mesmo tempo. O clima perfeito para continuar deitada ali e nunca mais levantar. Abriu os olhos novamente se atentando ao sol que entrava pelas janelas avisando a ela que já era outro dia. Rolou na cama com cuidado para não acordar a criança e sentou no colchão com muita dificuldade. O corpo inteiro estava dolorido da noite passada, nem se lembrava de como teve forças para correr até seu filho e o carregar no colo, uma vez que mal pôde falar com Vicent direito. Estava com tanta vergonha de mostrar-se daquela forma, tão frágil e machucada. O que será que ele irá fazer agora? Tinha pedido ajuda, e depois negou essa ajuda. Ele a olharia e a deixaria? Não, com certeza não porque ele disse que a amava… amava! Uma droga de amor dos homens daquela família, só pode.— Você acordou – Clarisse arrepiou dos pés a cabeça e virou aos poucos para o outro lado do
Quando o motorista parou no estacionamento não demorando muito para sair do mesmo e deixar o casal para trás, Clarisse sabia que iria escutar mais um pouco antes de ver a luz do dia. Jasper estava mais do que animado para correr dali, e de um jeito ou de outro, ela também queria sair.Não porque gostaria de sorrir para todos ao redor, mas porque ficar no mesmo lugar que aquele cara estava para lhe deixar louca. Sua voz arrepiava, o toque dele em seu ombro lhe causava nojo. O aturava muito bem quando estavam longe, sentava para as refeições e escutava ele falar, acatava suas ordens e seguia as regras dele para que não houvesse intriga ou briga entre os dois. Não havia ninguém que pudesse lhe aparar longe de casa, ninguém a quem podia pedir ajuda.Mas ali ela tinha seus pais, sua família, suas amizades e Vicent. Um sorriso se formou nos lábios enquanto Ronny contava algo ao seu filho e nem prestou atenção. A noite passada lhe deixou totalmente traumatizada, mas alguma coisa em seu peito