— Não. Você não vai.
— Eu quero vê se você vai me impedir de visitar meus pais. Chega dessa sua paranóia. Idiota. Os adultos se encararam com sangue nos olhos, e Ronny queria retrucar e falar mais ainda quando o telefone tocou, Clarisse virou para buscá-lo em cima da mesa sempre com o homem em cima de si como se fosse uma sombra, atendeu mais rápido quando viu que era da escola de seu filho. — O que aconteceu com Jasper? – Escutou apenas professora dizer que ele caiu e se machucou tentando proteger um colega que passou mal. Clarisse pegou suas coisas colocando dentro da bolsa e saiu do escritório — Estou a caminho. Por favor não deixe que ele fique tão desesperado. — Clarisse... – Ronny a seguiu enquanto colocava os sapatos e pegava o casaco ao lado da porta — A gente ainda não terminou de conversar. Eu não quero que você vá. — Eu vou salvar o meu filho que está mal. O que você quer falar ainda? Já disse que irei visitar meus pais. Para de ser um babaca e não quero sabe ter nada agora apenas chegar até o nosso filho. Se quiser pode vir também. Ele te adora. Saiu de casa correndo para o carro mais próximo e para sua infelicidade Ronny entrou no banco do carona sem dizer uma palavra. Clarisse dirigiu até o colégio e abandonou o carro assim que chegou, foi ao encontro de seu filho que chorava com um ferimento no joelho. — Meu querido, está tudo bem. A mamãe está aqui e não precisa mais chorar – Abraçou o pequeno que instantâneamente parou o choro fazendo uma das professoras sorrirem — Está tudo bem, eu vou levá-lo para casa. — Nós pedimos desculpas, outro colega acabou passando mal e Jasper correu para ajudar na nossa frente, e se machucou por conta disso. — Não se preocupem, ele está comigo agora, e isso é uma coisa boa, quer dizer que ele tentou ajudar o próximo. Esse é meu garoto lindo. Se despediram e os dois deram as mãos para sair da escola com um ilustre sorriso no rosto. Jasper aninou-se mais ao ver Ronny em pé na frente do carro, correu para lhe abraçar apertado contando tudo que aconteceu. Ronny podia carregar sim uma mágoa por causa de seu pai, mas o menino era apenas uma criança animada. Não iria jogar seu irmão fora, né? — Então quer dizer que você foi forte o suficiente para salvar seu amigo, mas não se salvar? Vamos treinar isso, né? — Ele estava precisando mais papai, mas tudo vai ficar bem, não é mamãe? — Sim. Vamos pra casa? Prometo te preparar um banho gostoso. E podemos sair hoje para ir ao cinema, disse que queria assistir um filmes de heróis. — Sim – O garoto se empolgou. Seguiam para casa e Ronny acabou por apenas aceitar o fato de que os dois no banco de trás do carro não estava ligando para seu ódio em ver a interação. Também não devia existir ciúmes daquela amizade, era mãe e filho se divertindo, se dando bem, mas não importava esse fato, tudo que Ronny via era Clarisse junto da criança que sequer era dele, e sim do seu pai. Traidor desgraçado. — Sobe devagar, já te encontro no banho – pediu ao garoto que correu escada acima cantando sua música preferida. Clarisse esperou que ele sumisse pelo corredor para voltar a encarar o marido que não tirava os olhos dela — Tem mais alguma coisa que queira falar? — Se você for pra aquela cidade, irei junto. — Ótimo, assim você visita o seu pai, e eu o meu. – Deu as costas ao homem, porém, ele a seguiu imediatamente. — Eu vou ver aquele homem, mas ele deixou de ser meu pai no momento em que soube que ele estava transando com minha namorada – Clarisse parou na escada — Nós iremos, mas você não vai se aproximar do Vicent ne forma alguma. Se não, nosso casamento acaba. — Ronny... Eu estou aqui com você porque quero está com você. Eu te amo, é verdade, eu cometi erros e isso também é verdade – Virou para ele — Mas se eu não quisesse está aqui, apenas com um telefonema eu resolvo. Afinal, se o Vicent souber que Jasper é seu filho, ele jamais me deixaria aqui. — O que...? — Eu aceitei por muito tempo seus abusos, mas não vou mais aceitar isso. Estou cansado e quero meus pais, quero ser livre junto do meu filho e não presa dentro dessa casa como se fosse uma marionete sua. E pior, te ver destratar meu filho enquanto ele é louco de amores por você me dói. Então ou você me deixa em paz ou eu conto pra Vicent tudo isso. — Aposto que é exatamente o que você quer, não é? – Clarisse estreitou os olhos o vendo se aproximar ainda mais — Conta a ele que seu filho é dele também, aí ele vem e te salva, mas então eu destruo a carreira dele. Ele não vai ter mais dinheiro pra te sustentar. — Desde quando dinheiro é problema para mim ou pra ele? — Ah entendi, você não tem culpa de ter se envolvido com ele. Ele quem te seduziu com dinheiro e pode fazer isso sempre que quiser. – Clarisse pela milésima vez durante os anos de casados, acabou lhe acertando outra tapa no rosto, Ronny só riu. — Eu não dormir com seu pai por causa de dinheiro. Seu babaca idiota. Eu não sou uma prostituta. Subiu as escadas sem dizer mais nada. Era mais fácil imaginar que Vicent ofereceu dinheiro a ela, do que aceitar o fato de que ela se sentiu atraída pela beleza, palavras e o sexo de Vicent. — Partiremos em dois dias. – Clarisse parou no topo e sorriu — Mas já deixo avisado. Não se aproxime dele, ou eu não responderei por mim.— Vamos viajar? É sério? – Jasper se animou correndo de um lado para o outro no quarto — E para onde vamos?— Seant. Onde seus avós moram e você vai conhecê-los – O garota parou diante da mãe — Mas quero que se comporte muito bem, porque temos que dar uma boa impressão.— O papai vai também? – Sentou na cama quando Clarisse deixou as roupas para Jasper colocar. — Mas é claro que vai, meu amor. Porque ele não iria? Somos uma família e vamos viajar juntos como tal.— É porque ele trabalha bastante e quase não tem tempo de nós levar para passear. E quando tem, só leva você. Então achei que não poderia ir com a gente visitar meus avós.Clarisse suspirou com essa informação, e era a mais pura verdade. Ronny sempre inventava alguma coisa apenas não ter que passear ou ir em lugares que o garoto gostava quando ele pedia com muito custo. Por sorte, Clarisse sempre esteve presente em tudo e jamais, nunca deixou-se faltar. E tudo isso porque Ronny jamais aceitaria ser traído e cuidar do filho
Nenhum dinheiro do mundo poderia comprar o prazer da mulher que gostava. Poderia se passar anos e inúmeras mulheres por aqueles lençois, mas poucas se comparavam a um terço do que foi Clarisse em seus braços. Sentou na cama lembrando que deveria ter mais cuidado com quem visitava nas madrugadas por que isso só lhe dava dor de cabeça e outro dia cansativo para trabalhar e nada mais. Nem libertação, felicidade, satisfação, nada e nada.Desceu as escadas da casa esperando não encontrar nenhuma das empregadas para não começar o dia ignorando as pessoas, porque agora entendia a dor de ser totalmente ignorado e preferia não sentir absolutamente nada. Chegou ao seu carro sem ver nenhuma alma viva e seguiu para a saída querendo que aquele dia fosse um dos melhores da semana. Não iria custar nada a ninguém não o perturbar de nenhuma maneira possível.Desde o saguão do prédio ao andar que ficava sua sala, seus desejos vinham sendo atendidos de maneira rápida e eficaz... Ele tinha algo para r
Quando a última mala foi fechada Clarisse deu alguns passos para trás apenas para revisar seu trabalho. Havia uma determinação em seu olhar que Ronny jamais podia ver. Podia escutar as risadas de Jasper e sua animação pela viagem. Se aproximou do quarto do pequeno assistindo os dois brincarem pelas roupas bagunçadas e brinquedos espalhados. Queria que todos os dias fossem daquele jeito. Seria mais fácil de lidar e engolir todas as loucuras do seu marido.- Vamos nos atrasar se continuarmos apenas a brincar - Os dois deram atenção a mulher e Jasper correu para os braços da mãe. - Minhas malas estão prontas.- Tudo bem, vou pedir para buscarem, o avião sai em duas horas. Temos um tempo - Clarisse confirmou e desceu para a sala trazendo o filho junto.Estava tão animado que não parava de falar se seus avós que prometeu passeios maravilhosos pela cidade, sem contar que o avô prometeu uma volta de avião, mas não qualquer avião, um do exército como um policial. Esperaram por Ronny já d
- Tome, fique a vontade. O frio de Seant deixa todo mundo com preguiça de existir. Então, tome mais café, e se quiser mais alguma coisa me conte, me conte tudo que deseja comer, ta bom? - Sentou ao lado de Clarisse que acabou sorrindo com todo aquele carinho. O sabor do café de sua mãe era único. Nenhuma empregada daquela casa grande em Valcolink conseguiria reproduzir isso. Abriu os olhos devagar estudando o rosto bonito de sua mãe iluminar.- Está muito bom. Obrigada por fazer isso, estava com muita saudade da sua comida - Nice suspirou passando as mãos pelo cabelo de Clarisse, tão linda e especial, nem acreditava que finalmente tinha voltado para casa - Você parece triste.- Não estou mais triste. Seis anos se passaram Clarisse, e não veio nos visitar. - A mulher assentiu com tristeza em seus olhos - Eu entendo que deve ter sido obra do seu marido, mas eu não acredito que ele tenha tanto poder assim sob você. Então, diga a mim se alguma coisa fizemos para te chatear.- Não fize
Quando a última mala foi colocada no chão, Ronny estudou todo o quarto de hotel antes de caminhar em direção às janelas e abrir uma por uma revelando a grande cidade de Seant, a mesma a qual tinha deixado a seis anos para viver de amor com sua esposa e o filho que não era seu. Deveria ter demorado muito mais tempo, jamais voltaria para aquela cidade onde teve seu amor roubado pelo último homem a qual ele achou que seria traído. Engoliu a seco pensando na possibilidade daqueles dois se encontrarem. Não, não deixaria isso acontecer jamais. Colocaria alguém para espionar Clarisse vinte e quatro horas por dia, queria saber seus passos e tudo que fazia naquela semana inteira que estaria ali. Se arrumou naquela manhã para almoçar com o grande Vicent Tornneagth, a pedido do mesmo. Não queria ter um encontro assim logo de cara, mas sabendo que outras pessoas estariam ali para cumprimentar o grande filho de Vicent, iria ajudar. Naquela semana se dedicaria a ser não apenas um filho, como tamb
Quando saiu de casa sabia que muita coisa estaria diferente ao voltar. Se despediu de seu filho com um nó na garganta, o que ele iria achar de morar ali e bem longe do pai? Ao menos do pai que ela arrumou para a criança?Como nos velhos tempos, o restaurante que escolheu aquele horário era o mais possível da cidade e de todos que podiam reconhecer Vicent Tornneght. Não queria que alguém os visse a ponto de tirar fotos e mandar para todos os sites como fofoca, Ronny enlouqueceria sem contar que a exposição ao seu nome chamaria atenção de Jasper que já estava grandinho insuficiente para vagar pela internet.Não demorou para ver seu ex-amante atravessar as portas do restaurante com seu costumeiro sorriso de deboche, usando suas roupas sexy e aquele cavalo longo rodeando o pescoço. Esse tempo todo que estava longe, Vicent ficou ainda mais bonito, mais maduro, com uma barba fala contornando seu rosto másculo. Tão diferente de Ronny, mas igual a ele. Se o filho ficasse velho como o pai, es
Assim que Vicent atravessou as portas de sua casa, notou que alguns convidados já estavam presentes, tentou disfarçar pelo caminho procurando por Ronny, o encontrando diante da mesa de bebidas. Ah, então ele havia virado outro viciado em bebidas? Tudo bem, isso poderia lhe ajudar de inúmeras maneiras, disso não podia abrir mão. — É um prazer ter você aqui – Cumprimentou um de seu amigo, e sua esposa — Está tudo bem agora? Pensei que chegariam mais tarde. — Filhos. Estão sempre nos surpreendendo. Você vai descobrir isso com um tempo. – O outro retrucou fazendo Vicent sorrir. — Eu sei muito bem, tenho um que de vez enquanto ainda preciso puxar a orelha. — Jura? Temos quatro – Tornou a rir ao lado de sua esposa, Vicent perdeu um pouco de seu sorriso notando aqueles dois. Muito bem casados depois de anos separados e cuidando de quatro crianças, e muito bem… — Crianças, três meninas de 6 anos e um menino de 5. São os amores da minha vida… quer dizer, não mais que minha linda esposa. –
A noite caiu bem em Seant… Trazendo sua beleza encantadora com a lua exibida no céu com todo seu brilho… Aquele lugar era maravilhoso, de dia, de noite, o clima chuvoso, o vento frio que arrepiava os pelos, tão como o gelo das ruas a obrigando a usar casacos grossos e botas para aquecer seus pés. Mas apesar das ruas daquela cidade serem absurdamente maravilhosas a quais podia caminhar por horas e nunca veria algo semelhante, não chegavam aos pés da beleza de uma família feliz.Ouvia atentamente sua mãe contar as histórias que tinha com suas amigas, salão de cabelo, manicure, até mesmo no clube do livro e todas as festas de reencontro dos aposentados da polícia, sempre haveria uma história nova, um casamento que acabou e uma amante diferente para ser oferecida como informação e fofoca anual para suas amigas e colegas. Na sala, seu pai jogava videogame com Jasper o ensinando como deve usar os poderes do personagem no jogo. Jasper não tinha isso em casa, sempre jogava sozinho. Até tent