3 - Chantagem 🪻

— Não. Você não vai.

— Eu quero vê se você vai me impedir de visitar meus pais. Chega dessa sua paranóia. Idiota.

Os adultos se encararam com sangue nos olhos, e Ronny queria retrucar e falar mais ainda quando o telefone tocou, Clarisse virou para buscá-lo em cima da mesa sempre com o homem em cima de si como se fosse uma sombra, atendeu mais rápido quando viu que era da escola de seu filho.

— O que aconteceu com Jasper? – Escutou apenas professora dizer que ele caiu e se machucou tentando proteger um colega que passou mal. Clarisse pegou suas coisas colocando dentro da bolsa e saiu do escritório — Estou a caminho. Por favor não deixe que ele fique tão desesperado.

— Clarisse... – Ronny a seguiu enquanto colocava os sapatos e pegava o casaco ao lado da porta — A gente ainda não terminou de conversar. Eu não quero que você vá.

— Eu vou salvar o meu filho que está mal. O que você quer falar ainda? Já disse que irei visitar meus pais. Para de ser um babaca e não quero sabe ter nada agora apenas chegar até o nosso filho. Se quiser pode vir também. Ele te adora.

Saiu de casa correndo para o carro mais próximo e para sua infelicidade Ronny entrou no banco do carona sem dizer uma palavra. Clarisse dirigiu até o colégio e abandonou o carro assim que chegou, foi ao encontro de seu filho que chorava com um ferimento no joelho.

— Meu querido, está tudo bem. A mamãe está aqui e não precisa mais chorar – Abraçou o pequeno que instantâneamente parou o choro fazendo uma das professoras sorrirem — Está tudo bem, eu vou levá-lo para casa.

— Nós pedimos desculpas, outro colega acabou passando mal e Jasper correu para ajudar na nossa frente, e se machucou por conta disso.

— Não se preocupem, ele está comigo agora, e isso é uma coisa boa, quer dizer que ele tentou ajudar o próximo. Esse é meu garoto lindo.

Se despediram e os dois deram as mãos para sair da escola com um ilustre sorriso no rosto. Jasper aninou-se mais ao ver Ronny em pé na frente do carro, correu para lhe abraçar apertado contando tudo que aconteceu. Ronny podia carregar sim uma mágoa por causa de seu pai, mas o menino era apenas uma criança animada. Não iria jogar seu irmão fora, né?

— Então quer dizer que você foi forte o suficiente para salvar seu amigo, mas não se salvar? Vamos treinar isso, né?

— Ele estava precisando mais papai, mas tudo vai ficar bem, não é mamãe?

— Sim. Vamos pra casa? Prometo te preparar um banho gostoso. E podemos sair hoje para ir ao cinema, disse que queria assistir um filmes de heróis.

— Sim – O garoto se empolgou.

Seguiam para casa e Ronny acabou por apenas aceitar o fato de que os dois no banco de trás do carro não estava ligando para seu ódio em ver a interação. Também não devia existir ciúmes daquela amizade, era mãe e filho se divertindo, se dando bem, mas não importava esse fato, tudo que Ronny via era Clarisse junto da criança que sequer era dele, e sim do seu pai. Traidor desgraçado.

— Sobe devagar, já te encontro no banho – pediu ao garoto que correu escada acima cantando sua música preferida. Clarisse esperou que ele sumisse pelo corredor para voltar a encarar o marido que não tirava os olhos dela — Tem mais alguma coisa que queira falar?

— Se você for pra aquela cidade, irei junto.

— Ótimo, assim você visita o seu pai, e eu o meu. – Deu as costas ao homem, porém, ele a seguiu imediatamente.

— Eu vou ver aquele homem, mas ele deixou de ser meu pai no momento em que soube que ele estava transando com minha namorada – Clarisse parou na escada — Nós iremos, mas você não vai se aproximar do Vicent ne forma alguma. Se não, nosso casamento acaba.

— Ronny... Eu estou aqui com você porque quero está com você. Eu te amo, é verdade, eu cometi erros e isso também é verdade – Virou para ele — Mas se eu não quisesse está aqui, apenas com um telefonema eu resolvo. Afinal, se o Vicent souber que Jasper é seu filho, ele jamais me deixaria aqui.

— O que...?

— Eu aceitei por muito tempo seus abusos, mas não vou mais aceitar isso. Estou cansado e quero meus pais, quero ser livre junto do meu filho e não presa dentro dessa casa como se fosse uma marionete sua. E pior, te ver destratar meu filho enquanto ele é louco de amores por você me dói. Então ou você me deixa em paz ou eu conto pra Vicent tudo isso.

— Aposto que é exatamente o que você quer, não é? – Clarisse estreitou os olhos o vendo se aproximar ainda mais — Conta a ele que seu filho é dele também, aí ele vem e te salva, mas então eu destruo a carreira dele. Ele não vai ter mais dinheiro pra te sustentar.

— Desde quando dinheiro é problema para mim ou pra ele?

— Ah entendi, você não tem culpa de ter se envolvido com ele. Ele quem te seduziu com dinheiro e pode fazer isso sempre que quiser. – Clarisse pela milésima vez durante os anos de casados, acabou lhe acertando outra tapa no rosto, Ronny só riu.

— Eu não dormir com seu pai por causa de dinheiro. Seu babaca idiota. Eu não sou uma prostituta.

Subiu as escadas sem dizer mais nada.

Era mais fácil imaginar que Vicent ofereceu dinheiro a ela, do que aceitar o fato de que ela se sentiu atraída pela beleza, palavras e o sexo de Vicent.

— Partiremos em dois dias. – Clarisse parou no topo e sorriu — Mas já deixo avisado. Não se aproxime dele, ou eu não responderei por mim.

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