Início / Romance / A Esposa do meu Filho / * Traidor Desgraçado *
* Traidor Desgraçado *

— Precisamos conversar agora.

— Aconteceu alguma coisa com o Jasper? Porque não ligaram para mim? – Ela levantou já procurando pelo celular.

— O seu filho está bem, eu acredito. Mas precisamos conversar sobre algo que só envolve nós dois. – Clarisse o olhou outra vez, incrédula.

— Nosso filho. Jasper também é seu filho, não o trate assim.

— Me entrega agora o convite que aquele homem te mandou – Clarisse estreitou os olhos um momento antes de desviar o olhar e logo abaixar a cabeça. Aquilo só podia ser brincadeira — Quando nós mudamos eu disse que era pra esquecer qualquer coisa que viesse daquela cidade, principalmente meu pai.

— Eu esqueci muito bem o seu pai, mas não sou capaz de esquecer as coisas que vem daquela cidade, porque MEUS pais moram lá – caminhou para de trás da mesa e abriu uma gaveta — Você não pode me prender aqui para sempre. Ta agindo como um idiota.

— Idiota eu agi quando confiei em você e te deixei livre para dormir com meu pai. Me trair da pior forma. – Clarisse entregou a ele o convite bem cuidado e Ronny virou de um lado para o outro, sequer havia aberto. — O que isso significa? Não abriu? – Clarisse negou, e ele mesmo fez questão de abrir e ver o conteúdo. Leu toda a carta e ainda procurou por qualquer recado que tenha sido mandado, uma indireta, algo que só os dois podiam saber. — Porque recebeu algo do meu pai e não me contou?

— Sua secretária disse que havia recebido dois. Você iria decidir qualquer coisa, de uma forma ou outra eu não podia ir sozinha. E lembrando bem, o aniversário do meu está próximo. Se decidisse ir, quem sabe esse ano finalmente eu pudesse visitar meus pais. Então deixei essa droga pra você pelo menos já comprar as passagens.

— Nós não vamos lá – Clarisse que já havia sentada de volta a sua mesa, o olhou de trás dela, Ronny se aproximou aos poucos — Porque quer ir lá? Não tem tudo que sonhou aqui? Um marido, seu filho.

— Meus pais. Quero ver meus pais. Eu sinto muito pelas coisas que aconteceram há seis anos, mas Ronny você não pode mais me prender nessa droga de casa, nessa droga de cidade. Só não me arrependo totalmente de ter vindo pra cá com você, por causa do nosso filho.

— Seu filho.

— NOSSO FILHO. ELE É NOSO FILHO – Gritou o mais alto que pode e levantou batendo na mesa. Já estava farta daquilo. — Estou cansada dessa droga.

— Ele não é meu filho, e você sabe muito bem disso – E era verdade. O pequeno Jasper era filho de Vicent, e sequer se importou quando mentiu para os dois no começo.

Ela sabia que se dissesse a verdade para Vicent ele cometeria uma loucura, mas ele não era o homem certo, né? Não tinham as mesmas visões, os trabalhos, nem a ideia, céus, ele era um cara mais velho e pai do seu noivo, não tinha como continuar aquela relação.

— Cansada dessa droga? E o que vai fazer? Fugir? – Ronny deu risada — Eu amo você, Clarisse, sabe disso. Mas o que aconteceu no passado me marcou muito e até hoje não consigo superar. Mas eu amo você e quero ficar com você, porém, te manter longe do meu pai e daquela cidade é o que tenho que fazer.

— Eu não sou sua prisioneira. E estou cansada disso. Sabe estou pensando aqui. Eu quero ir ver meus pais. É aniversário do meu pai e faz seis anos que não os vejo e eles não conhecem o Jasper. É isso. Eu vou visitar meus pais.

— Não. Você não vai.

— Eu quero vê se você vai me impedir de visitar meus pais. Chega dessa sua paranóia. Idiota.

Os adultos se encararam com sangue nos olhos, e Ronny queria retrucar e falar mais ainda quando o telefone tocou, Clarisse virou para buscá-lo em cima da mesa sempre com o homem em cima de si como se fosse uma sombra, atendeu mais rápido quando viu que era da escola de seu filho.

— O que aconteceu com Jasper? – Escutou apenas professora dizer que ele caiu e se machucou tentando proteger um colega que passou mal. Clarisse pegou suas coisas colocando dentro da bolsa e saiu do escritório — Estou a caminho. Por favor, não deixe que ele fique tão desesperado.

— Clarisse... – Ronny a seguiu enquanto colocava os sapatos e pegava o casaco ao lado da porta — A gente ainda não terminou de conversar. Eu não quero que você vá.

— Eu vou salvar o meu filho que está mal. O que você quer falar ainda? Já disse que irei visitar meus pais. Para de ser um babaca e não quero saber de nada agora apenas chegar até o nosso filho. Se quiser pode vir também. Ele te adora.

Saiu de casa correndo para o carro mais próximo e para sua infelicidade Ronny entrou no banco do carona sem dizer uma palavra. Clarisse dirigiu até o colégio e abandonou o carro assim que chegou, foi ao encontro de seu filho que chorava com um ferimento no joelho.

— Meu querido, está tudo bem. A mamãe está aqui e não precisa mais chorar – Abraçou o pequeno que instantaneamente parou o choro fazendo uma das professoras sorrirem — Está tudo bem, eu vou levá-lo para casa.

— Nós pedimos desculpas, outro colega acabou passando mal e Jasper correu para ajudar na nossa frente, e se machucou por conta disso.

— Não se preocupem. Ele está comigo agora, e isso é uma coisa boa, quer dizer que ele tentou ajudar o próximo. Esse é meu garoto lindo.

Se despediram e os dois deram as mãos para sair da escola com um ilustre sorriso no rosto. Jasper aninou-se mais ao ver Ronny em pé na frente do carro, correu para lhe abraçar apertado contando tudo que aconteceu. Ronny podia carregar sim uma mágoa por causa de seu pai, mas o menino era apenas uma criança animada. Não iria jogar seu irmão fora, né?

— Então quer dizer que você foi forte o suficiente para salvar seu amigo, mas não se salvar? Vamos treinar isso, né?

— Ele estava precisando mais papai, mas tudo vai ficar bem, não é mamãe?

— Sim. Vamos pra casa? Prometo te preparar um banho gostoso. E podemos sair hoje para ir ao cinema, disse que queria assistir uns filmes de heróis.

— Sim – O garoto se empolgou.

Seguiram para casa e Ronny acabou por apenas aceitar o fato de que os dois no banco de trás do carro não estavam ligando para seu ódio em ver a interação. Também não deviam existir ciúmes daquela amizade, era mãe e filho se divertindo, se dando bem, mas não importava esse fato, tudo que Ronny via era Clarisse junto da criança que sequer era dele, e sim do seu pai.

Traidor desgraçado.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App