Depois da notícia de seu filho ter chego muito bem na escola com a babá, Clarisse relaxou com um banho quente e uma roupa confortável, depois correu para o escritório e diante do computador, onde passava os segundos melhores momentos de seu dia. Depois que mudou de cidade, não pode mais trabalhar, por exigência de Ronny que acabou por mudando sua personalidade depois que chegaram a Vancolink. Ronny sempre foi muito fofo e carinhoso, mas a traição o mudou de uma forma drástica. Poderia o acusar de tudo, no entanto, quem poderia acusa-lo?
Muitos homens não aceitam traição e ela não podia dizer nada, uma vez que aceitou deixar tudo para trás e viver com o amor da sua vida. Certo? Vicent era um homem romântico e apaixonado, mas tinha que ser justamente o pai do seu namorado? Respirou fundo dando um largo sorrindo antes de iniciar um novo capítulo de seu livro, afinal, para uma mulher como ela que sempre amou livros, que tal passar a escrever alguns? — Precisamos conversar – Clarisse gritou pelo susto e subiu o olhar para o marido que acabará de entrar no escritório sem ao menos bater — Precisamos conversar agora. — Aconteceu alguma coisa com o Jasper? Porque não ligaram para mim? – Ela levantou já procurando pelo celular. — O seu filho está bem, eu acredito. Mas precisamos conversar sobre algo que envolve nós dois – Clarisse o olhou outra vez, incrédula. — Nosso filho. Jasper também é seu filho, não o trate assim. — Me entrega agora o convite que aquele homem te mandou – Clarisse estreitou os olhos um momento antes de desviar o olhar e logo abaixar a cabeça. Aquilo só podia ser brincadeira — Quando nós mudamos eu disse que era pra esquecer qualquer coisa que viesse daquela cidade, principalmente meu pai. — Eu esqueci muito bem o seu pai, mas não sou capaz de esquecer as coisas que vem daquela cidade, porque MEUS pais moram lá – caminhou para de trás da mesa e abriu uma gaveta — Você não pode me prender aqui para sempre. Ta agindo como um idiota. — Idiota eu agi quando confiei em você e te deixei livre para dormir com meu pai. Me trair da pior forma. – Clarisse entregou a ele o convite bem cuidado e Ronny virou de um lado para o outro, sequer havia aberto. — O que isso significa? Não abriu? – Clarisse negou, e ele mesmo fez questão de abrir e ver o conteúdo. Leu toda a carta e ainda procurou por qualquer recado que tenha sido mandado, uma indireta, algo que só os dois podiam saber. — Porque recebeu algo do meu pai e não me contou? — Sua secretária disse que havia recebido dois. Você iria decidir qualquer coisa, de uma forma ou outra eu não podia ir sozinha. E lembrando bem, o aniversário do meu está próximo. Se decidisse ir, quem sabe esse ano finalmente eu pudesse visitar meus pais. Então deixei essa droga pra você pelo menos já comprar as passagens. — Nós não vamos lá – Clarisse que já havia sentado de volta a sua mesa, o olhou de trás dela, Ronny se aproximou aos poucos — Porque quer ir lá? Não tem tudo que sonhou aqui? Um marido, seu filho. — Meus pais, quero ver meus pais. Eu sinto muito pelas coisas que aconteceram a seis anos atrás, mas Ronny você não pode mais me prender nessa droga de casa, nessa droga de cidade. Só não me arrependo totalmente de ter vindo pra cá com você, por causa do nosso filho. — Seu filho. — NOSSO FILHO. ELE É NOSO FILHO – Gritou o mais alto que pode e levantou batendo na mesa. Já estava farta daquilo. — Estou cansada dessa droga. — Ele não é meu filho, e você sabe muito bem disso – E era verdade. O pequeno Jasper era filho de Vicent, suas contas estavam erradas e sequer se importou quando mentiu para os dois no começo. Ela sabia que se dissesse a verdade para Vicent ele cometeria uma loucura, mas ele não era o homem certo, né? Não tinham as mesmas visões, os trabalhos, nem a ideia, céus, ele era um cara mais velho e pai do seu noivo, não tinha como continuar aquela relação. — Cansada dessa droga? E o que vai fazer? Fugir? – Ronny deu risada — Eu amo você, Clarisse, sabe disso. Mas o que aconteceu no passado me marcou muito e até hoje não consigo superar. Mas eu amo você e quero ficar com você, porém, te manter longe do meu pai e daquela cidade é o que tenho que fazer. — Eu não sou sua presa. E estou cansada disso. Sabe estou pensando aqui. Eu quero ir ver meus pais. É aniversário do meu pai e faz seis anos que não os vejo e eles não conhecem o Jasper. É isso. Eu vou visitar meus pais. — Não. Você não vai.— Não. Você não vai.— Eu quero vê se você vai me impedir de visitar meus pais. Chega dessa sua paranóia. Idiota.Os adultos se encararam com sangue nos olhos, e Ronny queria retrucar e falar mais ainda quando o telefone tocou, Clarisse virou para buscá-lo em cima da mesa sempre com o homem em cima de si como se fosse uma sombra, atendeu mais rápido quando viu que era da escola de seu filho.— O que aconteceu com Jasper? – Escutou apenas professora dizer que ele caiu e se machucou tentando proteger um colega que passou mal. Clarisse pegou suas coisas colocando dentro da bolsa e saiu do escritório — Estou a caminho. Por favor não deixe que ele fique tão desesperado.— Clarisse... – Ronny a seguiu enquanto colocava os sapatos e pegava o casaco ao lado da porta — A gente ainda não terminou de conversar. Eu não quero que você vá.— Eu vou salvar o meu filho que está mal. O que você quer falar ainda? Já disse que irei visitar meus pais. Para de ser um babaca e não quero sabe ter nada agora
— Vamos viajar? É sério? – Jasper se animou correndo de um lado para o outro no quarto — E para onde vamos?— Seant. Onde seus avós moram e você vai conhecê-los – O garota parou diante da mãe — Mas quero que se comporte muito bem, porque temos que dar uma boa impressão.— O papai vai também? – Sentou na cama quando Clarisse deixou as roupas para Jasper colocar. — Mas é claro que vai, meu amor. Porque ele não iria? Somos uma família e vamos viajar juntos como tal.— É porque ele trabalha bastante e quase não tem tempo de nós levar para passear. E quando tem, só leva você. Então achei que não poderia ir com a gente visitar meus avós.Clarisse suspirou com essa informação, e era a mais pura verdade. Ronny sempre inventava alguma coisa apenas não ter que passear ou ir em lugares que o garoto gostava quando ele pedia com muito custo. Por sorte, Clarisse sempre esteve presente em tudo e jamais, nunca deixou-se faltar. E tudo isso porque Ronny jamais aceitaria ser traído e cuidar do filho
Nenhum dinheiro do mundo poderia comprar o prazer da mulher que gostava. Poderia se passar anos e inúmeras mulheres por aqueles lençois, mas poucas se comparavam a um terço do que foi Clarisse em seus braços. Sentou na cama lembrando que deveria ter mais cuidado com quem visitava nas madrugadas por que isso só lhe dava dor de cabeça e outro dia cansativo para trabalhar e nada mais. Nem libertação, felicidade, satisfação, nada e nada.Desceu as escadas da casa esperando não encontrar nenhuma das empregadas para não começar o dia ignorando as pessoas, porque agora entendia a dor de ser totalmente ignorado e preferia não sentir absolutamente nada. Chegou ao seu carro sem ver nenhuma alma viva e seguiu para a saída querendo que aquele dia fosse um dos melhores da semana. Não iria custar nada a ninguém não o perturbar de nenhuma maneira possível.Desde o saguão do prédio ao andar que ficava sua sala, seus desejos vinham sendo atendidos de maneira rápida e eficaz... Ele tinha algo para r
Quando a última mala foi fechada Clarisse deu alguns passos para trás apenas para revisar seu trabalho. Havia uma determinação em seu olhar que Ronny jamais podia ver. Podia escutar as risadas de Jasper e sua animação pela viagem. Se aproximou do quarto do pequeno assistindo os dois brincarem pelas roupas bagunçadas e brinquedos espalhados. Queria que todos os dias fossem daquele jeito. Seria mais fácil de lidar e engolir todas as loucuras do seu marido.- Vamos nos atrasar se continuarmos apenas a brincar - Os dois deram atenção a mulher e Jasper correu para os braços da mãe. - Minhas malas estão prontas.- Tudo bem, vou pedir para buscarem, o avião sai em duas horas. Temos um tempo - Clarisse confirmou e desceu para a sala trazendo o filho junto.Estava tão animado que não parava de falar se seus avós que prometeu passeios maravilhosos pela cidade, sem contar que o avô prometeu uma volta de avião, mas não qualquer avião, um do exército como um policial. Esperaram por Ronny já d
- Tome, fique a vontade. O frio de Seant deixa todo mundo com preguiça de existir. Então, tome mais café, e se quiser mais alguma coisa me conte, me conte tudo que deseja comer, ta bom? - Sentou ao lado de Clarisse que acabou sorrindo com todo aquele carinho. O sabor do café de sua mãe era único. Nenhuma empregada daquela casa grande em Valcolink conseguiria reproduzir isso. Abriu os olhos devagar estudando o rosto bonito de sua mãe iluminar.- Está muito bom. Obrigada por fazer isso, estava com muita saudade da sua comida - Nice suspirou passando as mãos pelo cabelo de Clarisse, tão linda e especial, nem acreditava que finalmente tinha voltado para casa - Você parece triste.- Não estou mais triste. Seis anos se passaram Clarisse, e não veio nos visitar. - A mulher assentiu com tristeza em seus olhos - Eu entendo que deve ter sido obra do seu marido, mas eu não acredito que ele tenha tanto poder assim sob você. Então, diga a mim se alguma coisa fizemos para te chatear.- Não fize
Quando a última mala foi colocada no chão, Ronny estudou todo o quarto de hotel antes de caminhar em direção às janelas e abrir uma por uma revelando a grande cidade de Seant, a mesma a qual tinha deixado a seis anos para viver de amor com sua esposa e o filho que não era seu. Deveria ter demorado muito mais tempo, jamais voltaria para aquela cidade onde teve seu amor roubado pelo último homem a qual ele achou que seria traído. Engoliu a seco pensando na possibilidade daqueles dois se encontrarem. Não, não deixaria isso acontecer jamais. Colocaria alguém para espionar Clarisse vinte e quatro horas por dia, queria saber seus passos e tudo que fazia naquela semana inteira que estaria ali. Se arrumou naquela manhã para almoçar com o grande Vicent Tornneagth, a pedido do mesmo. Não queria ter um encontro assim logo de cara, mas sabendo que outras pessoas estariam ali para cumprimentar o grande filho de Vicent, iria ajudar. Naquela semana se dedicaria a ser não apenas um filho, como tamb
Quando saiu de casa sabia que muita coisa estaria diferente ao voltar. Se despediu de seu filho com um nó na garganta, o que ele iria achar de morar ali e bem longe do pai? Ao menos do pai que ela arrumou para a criança?Como nos velhos tempos, o restaurante que escolheu aquele horário era o mais possível da cidade e de todos que podiam reconhecer Vicent Tornneght. Não queria que alguém os visse a ponto de tirar fotos e mandar para todos os sites como fofoca, Ronny enlouqueceria sem contar que a exposição ao seu nome chamaria atenção de Jasper que já estava grandinho insuficiente para vagar pela internet.Não demorou para ver seu ex-amante atravessar as portas do restaurante com seu costumeiro sorriso de deboche, usando suas roupas sexy e aquele cavalo longo rodeando o pescoço. Esse tempo todo que estava longe, Vicent ficou ainda mais bonito, mais maduro, com uma barba fala contornando seu rosto másculo. Tão diferente de Ronny, mas igual a ele. Se o filho ficasse velho como o pai, es
Assim que Vicent atravessou as portas de sua casa, notou que alguns convidados já estavam presentes, tentou disfarçar pelo caminho procurando por Ronny, o encontrando diante da mesa de bebidas. Ah, então ele havia virado outro viciado em bebidas? Tudo bem, isso poderia lhe ajudar de inúmeras maneiras, disso não podia abrir mão. — É um prazer ter você aqui – Cumprimentou um de seu amigo, e sua esposa — Está tudo bem agora? Pensei que chegariam mais tarde. — Filhos. Estão sempre nos surpreendendo. Você vai descobrir isso com um tempo. – O outro retrucou fazendo Vicent sorrir. — Eu sei muito bem, tenho um que de vez enquanto ainda preciso puxar a orelha. — Jura? Temos quatro – Tornou a rir ao lado de sua esposa, Vicent perdeu um pouco de seu sorriso notando aqueles dois. Muito bem casados depois de anos separados e cuidando de quatro crianças, e muito bem… — Crianças, três meninas de 6 anos e um menino de 5. São os amores da minha vida… quer dizer, não mais que minha linda esposa. –