— Vamos viajar? É sério? – Jasper se animou correndo de um lado para o outro no quarto — E para onde vamos?
— Seant. Onde seus avós moram e você vai conhecê-los – O garota parou diante da mãe — Mas quero que se comporte muito bem, porque temos que dar uma boa impressão. — O papai vai também? – Sentou na cama quando Clarisse deixou as roupas para Jasper colocar. — Mas é claro que vai, meu amor. Porque ele não iria? Somos uma família e vamos viajar juntos como tal. — É porque ele trabalha bastante e quase não tem tempo de nós levar para passear. E quando tem, só leva você. Então achei que não poderia ir com a gente visitar meus avós. Clarisse suspirou com essa informação, e era a mais pura verdade. Ronny sempre inventava alguma coisa apenas não ter que passear ou ir em lugares que o garoto gostava quando ele pedia com muito custo. Por sorte, Clarisse sempre esteve presente em tudo e jamais, nunca deixou-se faltar. E tudo isso porque Ronny jamais aceitaria ser traído e cuidar do filho do seu pai. Ela errou, sabia, mas não queria que nada respigasse em seu filho. O pequeno Jasper Tornnegth não tinha culpa de absolutamente nada. Nada. — O papai trabalha muito mesmo, mas é para nós manter bem, meu amor. Então não se preocupe. E vamos pensar apenas nas coisas incríveis que você vai conhecer. Seus avós são incríveis e eles vão te mimar muito. — Não vamos nos separar por lá, né? – Ela negou — E o meu avô? O pai do meu pai? Clarisse o sentou na cama ficando em sua frente, penteou os cabelos bonitos como os seus. — O papai disse que ele não gosta de você, por isso teve que fugir para cá para a gente ser feliz. E também não gosta de mim e nunca sequer ligou para saber se estávamos bem. Clarisse suspirou, não tinha concordado com aquela história desde que Ronny lhe contou o que diria todas as vezes que perguntasse sobre Vicent. E via agora que depois de 6 anos sua escolha tinha sido errada. Mas para todos, até mesmo para seu pai, tudo que sabiam era que Vicent não concordou com o casamento do filho e o mandou embora para outra cidade. — O pai do seu papai, é complicado. Muito rico, muito trabalho, não tem tempo para a família. Ele sim trabalha muito, Ronny nem se parece com ele. — Então eu vou gostar de conhecê-lo? — Eu acho que ele não terá tempo para isso – Ronny adentrou o quarto com um tablet nas mãos. Sorriu para o pequeno — Descobri que ele vai viajar nesse fim de semana e nos vamos justamente nesse, o que é chato. Se tivéssemos planejado. Clarisse encarou o marido e levantou aos poucos. Isso era mentira. Estavam planejando uma grande festa para o final de semana e ele iria viajar? Ronny estava outra vez sendo idiota, e controlando tudo o que não deveria controlar. — É uma pena. Eu gostaria de conhecer mais pessoas. Nossa família é pequena e não tem crianças para brincar. Que tal? — Crianças? Quer dizer irmãos? – Ronny riu — Eu concordo, mas a sua mãe não quer. – Os dois olharam para Clarisse fazendo bico — Mas como você já melhorou e temos o dia todo, quer sair encontrar alguns presentes para os pais da Clarisse? — Sério? Sim. Eu quero. – Levantou da cama pulando na mesma — Mamãe disse que minha vó gosta de colares bonitos, vamos comprar um colar pra ela, bem bonito. O mais mais bonito de todos. — Vamos sim. Vou me arrumar. Te espero lá embaixo. Ronny saiu do quarto e não demorou para Clarisse lhe alcançar no deles. Fechou a porta indo até ele com o menor sorriso nos lábios. — Mentiu pra ele. Não minta pro nosso filho. — Você tá achando que eu vou levar "nosso filho" pra conhecer aquele cara? — Aquele cara é o seu pai. — E pai dele também. – Clarisse desviou o olhar — Eu não quero que aquele homem se envolva com a minha família. — Que família Ronny? Essa que você quer fingir que vivemos bem? – O marido não respondeu, mas a encarou firme, muito firme — Não minta pro meu filho outra vez. Puna a mim, não ao Jasper. Ou eu que acabo com tudo. BABACA! Saiu outra vez, deixando-o sozinho.Nenhum dinheiro do mundo poderia comprar o prazer da mulher que gostava. Poderia se passar anos e inúmeras mulheres por aqueles lençois, mas poucas se comparavam a um terço do que foi Clarisse em seus braços. Sentou na cama lembrando que deveria ter mais cuidado com quem visitava nas madrugadas por que isso só lhe dava dor de cabeça e outro dia cansativo para trabalhar e nada mais. Nem libertação, felicidade, satisfação, nada e nada.Desceu as escadas da casa esperando não encontrar nenhuma das empregadas para não começar o dia ignorando as pessoas, porque agora entendia a dor de ser totalmente ignorado e preferia não sentir absolutamente nada. Chegou ao seu carro sem ver nenhuma alma viva e seguiu para a saída querendo que aquele dia fosse um dos melhores da semana. Não iria custar nada a ninguém não o perturbar de nenhuma maneira possível.Desde o saguão do prédio ao andar que ficava sua sala, seus desejos vinham sendo atendidos de maneira rápida e eficaz... Ele tinha algo para r
Quando a última mala foi fechada Clarisse deu alguns passos para trás apenas para revisar seu trabalho. Havia uma determinação em seu olhar que Ronny jamais podia ver. Podia escutar as risadas de Jasper e sua animação pela viagem. Se aproximou do quarto do pequeno assistindo os dois brincarem pelas roupas bagunçadas e brinquedos espalhados. Queria que todos os dias fossem daquele jeito. Seria mais fácil de lidar e engolir todas as loucuras do seu marido.- Vamos nos atrasar se continuarmos apenas a brincar - Os dois deram atenção a mulher e Jasper correu para os braços da mãe. - Minhas malas estão prontas.- Tudo bem, vou pedir para buscarem, o avião sai em duas horas. Temos um tempo - Clarisse confirmou e desceu para a sala trazendo o filho junto.Estava tão animado que não parava de falar se seus avós que prometeu passeios maravilhosos pela cidade, sem contar que o avô prometeu uma volta de avião, mas não qualquer avião, um do exército como um policial. Esperaram por Ronny já d
- Tome, fique a vontade. O frio de Seant deixa todo mundo com preguiça de existir. Então, tome mais café, e se quiser mais alguma coisa me conte, me conte tudo que deseja comer, ta bom? - Sentou ao lado de Clarisse que acabou sorrindo com todo aquele carinho. O sabor do café de sua mãe era único. Nenhuma empregada daquela casa grande em Valcolink conseguiria reproduzir isso. Abriu os olhos devagar estudando o rosto bonito de sua mãe iluminar.- Está muito bom. Obrigada por fazer isso, estava com muita saudade da sua comida - Nice suspirou passando as mãos pelo cabelo de Clarisse, tão linda e especial, nem acreditava que finalmente tinha voltado para casa - Você parece triste.- Não estou mais triste. Seis anos se passaram Clarisse, e não veio nos visitar. - A mulher assentiu com tristeza em seus olhos - Eu entendo que deve ter sido obra do seu marido, mas eu não acredito que ele tenha tanto poder assim sob você. Então, diga a mim se alguma coisa fizemos para te chatear.- Não fize
Quando a última mala foi colocada no chão, Ronny estudou todo o quarto de hotel antes de caminhar em direção às janelas e abrir uma por uma revelando a grande cidade de Seant, a mesma a qual tinha deixado a seis anos para viver de amor com sua esposa e o filho que não era seu. Deveria ter demorado muito mais tempo, jamais voltaria para aquela cidade onde teve seu amor roubado pelo último homem a qual ele achou que seria traído. Engoliu a seco pensando na possibilidade daqueles dois se encontrarem. Não, não deixaria isso acontecer jamais. Colocaria alguém para espionar Clarisse vinte e quatro horas por dia, queria saber seus passos e tudo que fazia naquela semana inteira que estaria ali. Se arrumou naquela manhã para almoçar com o grande Vicent Tornneagth, a pedido do mesmo. Não queria ter um encontro assim logo de cara, mas sabendo que outras pessoas estariam ali para cumprimentar o grande filho de Vicent, iria ajudar. Naquela semana se dedicaria a ser não apenas um filho, como tamb
Quando saiu de casa sabia que muita coisa estaria diferente ao voltar. Se despediu de seu filho com um nó na garganta, o que ele iria achar de morar ali e bem longe do pai? Ao menos do pai que ela arrumou para a criança?Como nos velhos tempos, o restaurante que escolheu aquele horário era o mais possível da cidade e de todos que podiam reconhecer Vicent Tornneght. Não queria que alguém os visse a ponto de tirar fotos e mandar para todos os sites como fofoca, Ronny enlouqueceria sem contar que a exposição ao seu nome chamaria atenção de Jasper que já estava grandinho insuficiente para vagar pela internet.Não demorou para ver seu ex-amante atravessar as portas do restaurante com seu costumeiro sorriso de deboche, usando suas roupas sexy e aquele cavalo longo rodeando o pescoço. Esse tempo todo que estava longe, Vicent ficou ainda mais bonito, mais maduro, com uma barba fala contornando seu rosto másculo. Tão diferente de Ronny, mas igual a ele. Se o filho ficasse velho como o pai, es
Assim que Vicent atravessou as portas de sua casa, notou que alguns convidados já estavam presentes, tentou disfarçar pelo caminho procurando por Ronny, o encontrando diante da mesa de bebidas. Ah, então ele havia virado outro viciado em bebidas? Tudo bem, isso poderia lhe ajudar de inúmeras maneiras, disso não podia abrir mão. — É um prazer ter você aqui – Cumprimentou um de seu amigo, e sua esposa — Está tudo bem agora? Pensei que chegariam mais tarde. — Filhos. Estão sempre nos surpreendendo. Você vai descobrir isso com um tempo. – O outro retrucou fazendo Vicent sorrir. — Eu sei muito bem, tenho um que de vez enquanto ainda preciso puxar a orelha. — Jura? Temos quatro – Tornou a rir ao lado de sua esposa, Vicent perdeu um pouco de seu sorriso notando aqueles dois. Muito bem casados depois de anos separados e cuidando de quatro crianças, e muito bem… — Crianças, três meninas de 6 anos e um menino de 5. São os amores da minha vida… quer dizer, não mais que minha linda esposa. –
A noite caiu bem em Seant… Trazendo sua beleza encantadora com a lua exibida no céu com todo seu brilho… Aquele lugar era maravilhoso, de dia, de noite, o clima chuvoso, o vento frio que arrepiava os pelos, tão como o gelo das ruas a obrigando a usar casacos grossos e botas para aquecer seus pés. Mas apesar das ruas daquela cidade serem absurdamente maravilhosas a quais podia caminhar por horas e nunca veria algo semelhante, não chegavam aos pés da beleza de uma família feliz.Ouvia atentamente sua mãe contar as histórias que tinha com suas amigas, salão de cabelo, manicure, até mesmo no clube do livro e todas as festas de reencontro dos aposentados da polícia, sempre haveria uma história nova, um casamento que acabou e uma amante diferente para ser oferecida como informação e fofoca anual para suas amigas e colegas. Na sala, seu pai jogava videogame com Jasper o ensinando como deve usar os poderes do personagem no jogo. Jasper não tinha isso em casa, sempre jogava sozinho. Até tent
Os pequenos passos para dentro do quarto de hotel a deixava insegura. Olhou ao redor tomando cuidado para não demonstrar insatisfação ao ter que deixar seus pais e o conforto da casa para seguir Ronny para o hotel apenas porque ele contou para o garoto e o encheu de esperanças de uma manhã maravilhosa com cavalos, e todos os tipos de doces que ele conseguia comer.Havia algumas caixas e sacolas por todo lugar, Ronny entrou no quarto também com a criança em seu colo, ambos muito animados e seguiram para a cozinha. O quarto era bem espaçoso com mais dois quartos separados com cozinha e sala. Luxo e conforto total, era apenas isso que Ronny podia oferecer.— Vou colocá-lo na cama, quer vir junto? – Ronny bradou carregando o menino pela casa. Clarisse sorriu com as risadas do filho, ele parecia tão feliz, tão animado, e queria que sua vida fosse o tempo todo assim.— Eu vou me trocar e dormir. – Deu um beijo na criança.— Essas sacolas são de roupas pra você, roupas lindas e caras, Dylan