Na noite anterior, Valentina fizera o impensável: a verdadeira dona do sangue que corria nas veias daquela dinastia empacotara apenas o essencial. Arrumou suas malas com a precisão de quem sabia que nunca mais pisaria naquela casa, não como esposa.
Os funcionários assistiram, atônitos, quando ela carregou o estojo de couro preto, que sempre ficava trancado no cofre, até o carro. Alguns juraram ter visto o brilho metálico de uma arma entre as roupas. Outros, o contorno de um frasco com um líquido âmbar.
O funcionário encarregado de colocar as malas na caminhonete ficou paralisado. Ela, então, deu uma ordem firme:
— Pericles, leve tudo direto para a fazenda. E vocês... espero que não comentem o que viram para ninguém.
Ninguém ousou questionar. Nem ousaria.
Os demais testemunharam a cena sem acreditar. Valentina, finalmente, deixava a mansão. Abandonando Victor às vésperas do aniversário, largando tudo para trás sem uma única palavra. Seu silêncio gritava mais do que qualquer escândalo.