Vitório
Vitório entrou no escritório com passos firmes, a mandíbula cerrada, os pensamentos em ebulição. Assim que a porta se fechou atrás de Lucila, o silêncio do ambiente o envolveu com um peso quase físico.
A madeira escura das estantes, os livros alinhados com perfeição, o cheiro de couro papel e lírios brancos, tudo ali era familiar, e evocava lembranças de quando trabalhava até adormecer sobre a mesa de carvalho branco.
Mas nada disso hoje, conseguia acalmar o que ardia dentro dele.
A imagem daquele menino na cama de sua esposa não saía de sua cabeça. Ele nem sequer sabia o nome da criança, só sabia que o impacto que sentiu ao vê-lo foi inexplicável.
E também havia aquela coincidência estranha e intrigante. Os olhos dele....eram muito parecidos com os seus.
A mente lógica de Vitório tentou encontrar uma explicação racional para a sensação de estar se afogando em águas profundas, que o dominava desde que viu aquele garotinho despertar, febril, chamando por sua esposa como se sua