Vitório
Seu olhar travou na mão de Ícaro acariciando as costas de sua noiva. Não devia se importar com isso, não devia sequer pensar nisso, mas ali estava. Uma raiva intensa, borbulhando a superfície.
Ícaro não tinha o direito de tocá-la.
Estava pensando em como deixaria isso claro para o seu irmão, quando ouviu as seguintes palavras dele, sobre o poder de sedução de Lucila. Basicamente ele admitiu que se sentia atraído por ela.
- O que foi que você disse?
Vitório ficou petrificado à sombra do pilar de mármore que sustentava a saída para o jardim. Não era do seu feitio ouvir conversas alheias, mas aquela voz num tom tão intimista, cheio de cuidado e carinho. E o nome dela, que Ícaro pronunciava com tanta doçura, acendeu todos os alertas dentro de Vitório como uma explosão silenciosa.
“Ela precisa de alguém que a entenda de verdade. Alguém que a veja além da imagem de menina pura e frágil. Alguém que não a coloque em uma redoma de vidro...” dizia Ícaro da última vez em que se falaram.