Vivian
Entrou em casa tarde da noite, os saltos nas mãos, os pés doloridos. O sucesso da noite ainda parecia ecoar nos corredores silenciosos da mansão. O salão da galeria havia ficado lotado, colecionadores disputando cada escultura com arremates ousados, jornalistas ávidos anotando cada detalhe, e os jornais já prometendo manchetes para a manhã seguinte. Até mesmo o famoso e recluso Brete Duarte, que raramente aceitava se expor, havia deixado a noite com um discreto sorriso no rosto.
Matheus estava radiante, e, no fundo, Vivian também. Ainda assim, ao atravessar a porta de casa, percebeu como a adrenalina cedia lugar a um peso no peito.
Largou a bolsa sobre a poltrona, suspirou fundo e se deixou cair no sofá. O brilho do evento não apagava a lembrança incômoda: Eduardo e Elisa.
Fechou os olhos por um instante, tentando afastar aquela imagem. Por que ainda me importo? - pensou, irritada consigo mesma. Passara a noite fingindo que não via Elisa se pendurando no marido, que não perceb