Eduardo
A escuridão do sono sedado se dissipou lentamente, não como um despertar abrupto, mas como uma maré recuando, revelando a costa da consciência em pedaços desconexos.
A dor foi a primeira coisa que ele sentiu - uma presença surda, latejante, profunda. O lembrete mais físico possível de sua própria fragilidade.
A segunda coisa foi o calor. Um calor diferente do artificial do hospital. Um calor vivo, humano, que parecia irradiar de um ponto específico à sua direita.
Eduardo abriu os olhos, as pálpebras pesadas, e o mundo levou alguns segundos para se ajustar. A luz da tarde entrava pela janela, dourada e suave, transformando o branco do quarto em tons quentes e irreais.
E então ele a viu.
Vivian.
Por um instante, achou que fosse mais um delírio dos sedativos - uma miragem criada por um cérebro faminto por redenção. Mas não. Ela estava ali.
Sentada na poltrona de couro que antes estivera vazia. O corpo ereto, o rosto voltado para ele. E aqueles olhos - os mesmos que ele conhecia d