AIYANA
O corredor até o banheiro parecia mais longo do que deveria, e o som abafado da música atrás de mim tornava tudo mais íntimo. Mais perigoso.
Quando empurrei a porta do banheiro feminino, ela já estava de costas para o espelho. Observava seu próprio reflexo como se analisasse a alma de outra pessoa.
— Sabia que viria — ela disse, antes mesmo que eu pudesse falar. Sua voz era profunda, morna, arranhada como vinho velho.
— Quem é você? — perguntei, sem rodeios.
Ela se virou devagar, os olhos dourados agora mais intensos sob a luz fraca. Aproximou-se um passo, e eu não me mexi.
Não podia. Algo nela exigia atenção. Obed