AIYANA
Três anos depois
O som das minhas botas ecoou pelo corredor enquanto eu jogava a mochila no ombro com mais força do que o necessário. Os músculos doíam da aula de hoje, aquele treino de jiu-jitsu me deixou com vontade de morar numa banheira de gelo por tempo indefinido. Mas, no fundo, eu adorava a dor. Era sinal de que eu estava viva, forte… e adaptada.
Estágio na academia de bairro pela manhã, faculdade à tarde, treino no fim do dia. Era uma rotina humana. Com horários, fila de micro-ondas e gente suando em cima de colchonetes. E, de alguma forma, me fazia bem. Me fazia normal. Ou quase.
Suspirei ao empurrar a porta de casa e ouvir, claro, gritos vindos do andar de cima.
— Você só fala isso porque perdeu. — reconheci a voz de Max, irritado e perdendo claramente o controle.
— Eu perdi? Eu deixei você ganhar, seu patético!
Deixei as chaves na mesinha da entrada com um baque alto. Rolei os olhos antes mesmo de subir os degraus.
Era sempre isso.
Icarus e Max viviam em guerra fria,