AIYANA
O cheiro era insuportavelmente bom.
Alho dourando, ervas frescas, carne cozinhando devagar, um abraço quente em forma de aroma. Por um instante, esqueci que estávamos escondidos numa casa de um bruxo que provavelmente não era confiável. Era o tipo de comida que aquecia até os ossos, e que você só saboreia em segurança. Pena que segurança era a última coisa que eu sentia naquela casa. Max estava concentrado diante do fogão, o maxilar travado e a tensão escorrendo pelas costas largas como se cada movimento da colher fosse uma tentativa de se manter no controle.
— Você tá mesmo cozinhando? — perguntei, tentando preencher o silêncio que fazia ecoar meus próprios pensamentos. — Vai me envenenar ou isso é um gesto de paz? —